Políticos voltam de olho nas eleições
A tensão pré-eleitoral causada pela indecisão na aliança entre PSB e PT mudou, ontem, a configuração da Assembleia Legislativa. A principal mudança foi a saída do líder da base-aliada, Antonio Carlos (PT), que assumirá a Secretaria de Cultura, e o retorno dos seguintes petistas à Casa Legislativa Estadual: Nelson Martins, Camilo Santana e Francisco Pinheiro que deixaram, respectivamente, as secretarias do Desenvolvimento Agrário, das Cidades e de Cultura.
Antonio Carlos declarou ter recebido a indicação do seu nome para a Secretaria de Cultura como um sinal do governador de manutenção da aliança. Manifestou-se da mesma forma Nelson Martins. Mas, nos bastidores, setores da oposição consideram a atitude apenas como uma estratégia do PSB para um apaziguamento, até o rompimento, que já seria dado como certo, por conta da referendação de Elmano Freitas como o candidato definitivo.
Jogo eleitoralCarlos declarou ainda que, na conversa da última segunda-feira, a qual estiveram presentes o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o governador Cid Gomes (PSB) e a prefeita Luizianne Lins (PT), no Palácio da Abolição, Cid deu a entender que gostaria de perceber a possibilidade de reversão do nome do PT, mas que, de forma franca, havia recebido como resposta a impossibilidade de reversão do candidato petista. Já Dedé Teixeira (PT), à contramão disso, afirmou que, apesar da escolha petista ter sido democrática, ainda acredita na possibilidade de mudanças no nome final, pois, segundo ele, “tudo é possível no jogo eleitoral”.
Apesar do próximo na lista para líder da base aliada na Casa ser o parlamentar Sérgio Aguiar (PSB), Antonio Carlos afirmou não ter conhecimento de nenhuma definição do governador a este respeito. Muitos especulam a possibilidade de retorno de Nelson Martins à liderança e inclusive o nome de Carlomano Marques (PMDB) estaria sendo considerado.
Nelson Martins afirmou que, na reunião de segunda-feira, colocou-se na mesa de negociação a proposta de que se o PSB apoiar o PT nestas eleições, ficaria garantido o apoio dos petistas ao candidato do governador em 2014. Ele declarou ainda apostar na manutenção da aliança. Para Ivo Gomes, não há como se falar em acordos políticos visando às eleições de 2014, pois será um novo contexto de negociações. “É até vergonhoso afirmar que o PSB deve manter a aliança por não ter nome para 2014. Isso não é uma moeda de troca e não está na mesa de negociação.” Segundo o parlamentar, o erro nas negociações foi quando os partidos aliados começaram a conversar através da imprensa.
De direitaSobre as especulações de que Cid Gomes teria ido a Portugal para conversar com o candidato do DEM, Moroni Torgan, Antonio Carlos declarou que essa atitude do governador seria muito contraditória: “O Moroni é um cidadão de direita, conservador, reacionário, tenho certeza que um nome progressista como o Cid Gomes não vai procurar um setor tão conservador como esse, que é contra o nosso projeto no Ceará e no Brasil”, declarou o recém-empossado secretário de Cultura. O parlamentar Idemar Citó (DEM) afirmou que Moroni possui a prerrogativa das negociações partidárias e que deverá avaliar todas as possíveis alianças e dialogar com o partido, tão logo retorne ao Brasil.
Conforme anunciado ontem, n’O Estado, o PCdoB adiou a sua convenção municipal para o dia 30 deste mês, em busca de apoios à candidatura de Inácio Arruda à Prefeitura de Fortaleza. Assim, o partido vem acompanhando de perto as idas e vindas nas negociações entre PT e PSB. “Este é o momento de dialogar com todos os partidos que ainda não têm candidatos próprios. Se o PT e PSB romperem, queremos discutir a possibilidade de aliança, pois todos nós sabemos que Inácio Arruda é um nome forte na Capital e ele está preparado para ser o prefeito de Fortaleza”, declarou o comunista Lula Morais. (Caroline Avendaño, da Redação)