Ações de vandalismo do movimento grevista do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil contra jornalistas, fotógrafos e veículos da imprensa cearense repercutiram negativamente, ontem, na Assembleia Legislativa do Ceará e na Câmara Municipal de Fortaleza. Na terça-feira (29), a portaria do jornal Diário do Nordeste foi destruída e um carro da empresa, apedrejado, durante uma manifestação.
Segundo informações divulgadas pelo veículo em questão, integrantes do Sindicato da Indústria Gráfica estavam presentes no momento da desordem. Nesta mesma confusão, uma jornalista sofreu uma tentativa de roubo e foi agredida com um capacete. Semana passada, fotógrafos de dois jornais foram agredidos.
O deputado Heitor Férrer (PDT) solidarizou-se com a empresa e afirmou que as agressões “ferem o Estado democrático e de direito”. “Não sou contrário ao movimento, mas repudio veementemente a ação depredadora desses trabalhadores praticada contra o Diário do Nordeste. Somos contrários a este tipo de atitude”, afirmou. O parlamentar João Jaime (PSDB) propôs um requerimento em repúdio à violência dos trabalhadores contra a imprensa cearense. “Esse acontecimento merece o repúdio de todos nós dessa Casa. O jornal foi barbaramente depredado por vândalos. É inadmissível querer calar a imprensa por meio da violência”, disse.O deputado Ferreira Aragão (PDT) denunciou que, durante as manifestações, alguns trabalhadores foram flagrados bebendo cachaça e, consequentemente, embriagados, provocando confusão. Mas, segundo ele, há a possibilidade da infiltração de “baderneiros” no movimento, provocando deliberadamente a desordem. “É como uma torcida organizada, tem cidadão de bem, mas também tem muito pilantra. Soube que um profissional da imprensa teve que entrar numa loja com o equipamento no braço, fugindo para não ser agredido e assaltado.” E conclui: “Ou seja, isso não foi uma manifestação, foi um ataque de bandidos e desocupados.”
O deputado Ely Aguiar (PSDC) sugeriu que deve-se investigar e condenar quem incita a violência durantes os atos civis e que o sindicato deve ser multado por não ter controle sobre os indivíduos. “Esse é um ato de banditismo e bandidagem. Acredito que o sindicato não compactua com esse tipo de comportamento. Temos que condenar quem incita isso, transformando uma greve em caso de polícia.”
Terrorismo e pânicoO presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Acrísio Sena (PT), classificou o ato de “selvageria”. Ex-sindicalista, Acrísio ressaltou que a ação distoa da cultura do sindicalismo brasileiro pós-redemocratização. “Qualquer ato de vandalismo precisa ser repudiado. O sindicato cometeu um suicídio político. Um tiro no pé”, pontuou. O petista somou-se ao vereador Marcelo Mendes (PTC) na proposição de um requerimento em solidariedade à empresa. O pedido foi acatado pelo presidente da sessão, vereador Adail Júnior (PV).