O secretário Francisco Teixeira foi à Assembleia para atender a um convite do presidente da Casa, deputado Zezinho Albuquerque, mas falou por aproximadamente três horas para um plenário parcialmente vazio
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
O secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Francisco Teixeira, afirmou, em entrevista coletiva, ontem, que "o racionamento (da água) já existe em muitas cidades do Interior". De acordo com o gestor, ainda não se cogita racionamento para a Região Metropolitana de Fortaleza, apenas um uso racional. "Se tivermos uso mais consciente da água, teremos condições de enfrentar o próximo ano sem medidas mais drásticas", ressaltou.
O Estado, segundo o secretário, está preparando projeto de lei encaminhar à Assembleia Legislativo, nos próximos dias, tratando do reutilização da água, uma das providências necessárias neste momento, assim como a questão da dessalinização.
O secretário foi à Assembleia para atender a um convite do presidente da Casa, deputado José Albuquerque, mas falou por aproximadamente três horas para um plenário parcialmente vazio. Quando ele começou a sua fala, apenas sete deputados estavam em seus lugares: Silvana Oliveira, Bruno Gonçalves, Manoel Santana, Rachel Marques, Elmano de Freitas, Joaquim Noronha e Manoel Duca.
No decorrer da explanação, outros parlamentares chegaram ao plenário e fizeram perguntas sobre as providências que estão sendo adotadas para atender às populações que reclamam da falta de água no Interior.
Segundo Teixeira, a água dos açudes que não secaram percorrem 642 quilômetros de adutoras de montagem rápida, beneficiando mais de 761 mil pessoas. Ele afirmou o cenário do Estado merece atenção especial. "Contamos atualmente com 14% das reservas hídricas e os trabalhos precisam ser redobrados".
O processo de utilização de adutoras iniciou em 2013, no Governo Cid Gomes, e teve continuidade com Camilo Santana. "Agora mesmo estamos executando outros 130 quilômetros de tubulação, com mais de 60% do trabalho concluído", disse.
Obras
Ainda segundo o secretário, as obras estão sendo adiantadas. "A adutora de Independência deve estar em funcionamento até o início de dezembro, enquanto a de Arneiroz está quase 90% concluída. A previsão de entrega em Quixeramobim era para o mês de março, mas estamos trabalhando para finalizar até o final do mês de janeiro", ressaltou.
Outro reforço ainda adotado no Estado na zona rural e agora também na zona urbana são os carros-pipa. Como a responsabilidade do abastecimento na área rural é do Exército Brasileiro, Teixeira se limitou a falar do fornecimento nos centros urbanos, realizado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. Hoje, segundo a coordenadoria, 111 veículos atendem a uma população de 56.377, residente em áreas urbanas de 11 municípios em reconhecida situação de emergência decorrente de seca.
Além dessas ações, o secretário de Recursos Hídricos falou da perfuração de poços. Segundo ele, o governo fez tudo o que pôde com dispensa de licitação, mas agora se faz necessário o uso das licitações clássicas. Conforme o gestor, o instrumento encontrado para dar celeridade ao processo foi recorrer à ata de registro de preço. "Esse sistema agiliza a aquisição dos serviços".
"Inclusive estamos processando quatro atas. Uma será para locação, construção, teste de evasão, análise físico-química e instalação de poço com chafariz; uma para poços em sedimentos, construídos no litoral ou municípios de chapada como no Apodi; outra para instalar chafarizes em poços existentes e a quarta para instalar sistemas de dessalinização também em poços já perfurados", afirmou.
Licitação
Outra ação nesse sentido, é a licitação para aquisição de 19 máquinas perfuratrizes. Porém, de acordo com o secretário, há compromisso do Governo do Estado em cobrir a metade do custo total de R$ 38 milhões. Os demais R$ 19 milhões devem ser garantidos por emendas dos deputados federais. A ideia é distribuir as máquinas entre os consórcios de saúde do Estado até que seja criado o consórcio da seca nos municípios mais afetados.
Francisco Teixeira citou duas obras fundamentais no Ceará: a Transposição de Águas do Rio São Francisco e o Cinturão das Águas. "Precisamos continuar com a construção do Cinturão das Águas do Ceará, além acompanhar e monitorar a execução da Transposição. Quando elas estiverem concluídas, se acontecerem outras secas, teremos um conforto melhor em termos de oferta hídrica", relatou.
Sobre a crise hídrica no Estado, Teixeira pregou uso racional, inclusive na Região Metropolitana de Fortaleza, que com a baixa do açude Castanhão, passa a ser ameaçada, em um contexto de o Estado poder atravessar mais um ano de estiagem.
"Todos precisam fazer a sua parte. Não adianta esperar que o governo faça o seu trabalho se você não colaborar. Trata-se de responsabilidade colaborativa", analisou. Das ações estruturantes, o secretário salientou o fortalecimento do sistema de recursos hídricos, por meio da busca de métodos mais modernos de irrigação. "É preciso pensar em longo prazo. Com isso, temos estudado alternativas para o reúso da água, captação da chuva e dessalinização", assinalou.