Deputados estaduais criticaram, ontem, na Assembleia Legislativa, a proposta orçamentária do Governo Federal para o ano de 2016, que prevê um déficit nas contas públicas de R$ 30,5 bilhões, com um crescimento da economia em torno de 0,2%, repercutiu na Assembleia Legislativa. Alguns deputados de oposição pontuaram que o Brasil não pode voltar a crescer caso o Governo continue a manter o ajuste fiscal com a política de aumento de tarifas, redução de políticas sociais e retirada de direitos previdenciários.
“Será que aumentar a imposto é a solução? Claro que não. Se estamos em dificuldades, se as empresas estão demitindo, se o povo está perdendo seus postos de trabalho, como tirar leite de pedra?”, questionou o deputado Roberto Mesquita (PV), afirmando que a presidente da República, Dilma Rousseff, precisa reassumir a Presidência do Brasil.
De acordo com o parlamentar, o Governo tem que cortar despesas, aumentar as receitas, fazer o comércio, a indústria e o setor de serviços se desenvolverem. “É necessário que nós tenhamos um líder que foi eleito e faça valer a vontade do povo, e não dê a impressão que nós estamos em um barco sem capitão e uma jangada sem leme”, pontuou.
O deputado João Jaime (DEM) também criticou o rombo no orçamento de 2016 e ponderou que o déficit deve-se à expansão da economia em anos passados, o que levou o País a elevar os gastos de forma exponencial. “E o mais grave é mandar para o Congresso uma lei orçamentária com déficit, obrigando os parlamentares a promover cortes. Deveria ser o Executivo a promover esses cortes”, disse.
O democrata pontuou ainda que a origem da crise iniciou-se em 2009, quando o mundo todo enfrentava uma crise econômica, o Governo resolveu subsidiar a indústria metalúrgica e de eletrodomésticos, retirando juros e incentivando o consumo através de empréstimos consignados. “Hoje, os aposentados que contraíram essas dívidas estão todos em dificuldades”, criticou.
Defesa
“É preocupante? É. Mas aqueles que criticam na tribuna esquecem que deixaram a inflação em 14,2%, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)”, rechaçou a fala de João Jaime, o deputado Elmano Freitas (PT), ao defender o Governo Federal.
O petista lembrou que, em 2014, o Governo fechou com a inflação em 6,2% e citou a dívida pública de diversos países, onde frisou que a crise não é só no Brasil, mas em todo o mundo. “A Grécia que foi citada, tem uma dívida 174 bilhões; Portugal 131bi; Itália 136 bi; Estados Unidos 105 bi; Japão, 145 Bilhões; União Europeia de 96 Bi e Brasil 65 Bilhões”, destacou. “É preocupante? É, mas esses dados são para nós termos a dimensão de que a crise é no mundo inteiro”, reafirmou.
O deputado frisou ainda que o PT recebeu o Governo com 33,2 milhões de pessoas pobres, caindo o número para 12 milhões. “Eram oito milhões de pessoas vivendo na miséria. Hoje são 900 mil. As pessoas criticam, mas esquecem que o PT melhorou a condição de vida das pessoas”, afirmou, informando ainda outros benefícios do governo petista.
Bastidores
O assunto foi além da tribuna da Casa e também foi debatido nos corredores da Casa. “O Governo acha que vai resolver o problema do País por meio do aumento da carga tributária. A tentativa, agora, é tentar mais uma vez cortar benefícios previdenciários, que era tudo que não se pregava em 2014”, disse o peemedebista Audic Mota à imprensa. Os deputados Heitor Férrer (PDT), Agenor Neto (PMDB) e o deputado Ely Aguiar (PSDC) também trataram do assunto, ontem, na Casa.