O petista há 100 dias, quando assumiu o governo: diferença de estilo e desafio de cenários adversos
FOTO: TATIANA FORTES
O governo Camilo Santana (PT) chega aos 100 dias tentando primar pelo diálogo e conter a crise financeira, apesar de apresentar poucos projetos próprios. De um lado, a oposição cobra resultados concretos. De outro, os aliados seguem otimistas com o início da gestão petista.
O atual governador tem buscado se aproximar de setores da sociedade, como policiais, servidores públicos e empresários. Apesar de ter perdido o secretário executivo de Segurança Pública logo no começo do governo, Camilo tem participado de negociações com cúpulas da Secretaria. “Ele vai encaminhar uma lei de promoções dos policiais para a Assembleia”, afirma o líder de governo Evandro Leitão (PDT).
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart, o perfil do governador tem se mostrado relevante. “Percebemos que o Camilo trouxe a marca do diálogo para o Executivo Estadual, o que é muito positivo. Ainda que não tenhamos tantos resultados concretos, o que é natural para o tempo de gestão”, afirma .
Mesmo diante de corte do governo de até 25% na máquina administrativa, o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Estadual, Flavio Remos, tem expectativas positivas sobre a gestão de Camilo. “Nossa esperança é que, pela formação política dele, haja um tratamento melhor para com os servidores públicos. Esperamos que ele comece a conversar com os representes sindicais em breve”, afirma Remos.
Assembleia Legislativa
Na atual legislatura, diferentemente da anterior, a oposição, mais numerosa e qualificada, tem exigido mais esforço e energia do Palácio da Abolição. Leitão destaca a boa comunicação do Executivo Estadual e as ações voltadas para “áreas delicadas”. Segundo o deputado estadual, Camilo tem se dedicado a atenuar as consequências dos quatro anos de estiagem.
“Estamos numa das piores secas dos últimos 50 anos. O governador lançou programas de combate à seca, com construção de adutoras, leilão reverso de poços profundo e a continuidade do Cinturão das Águas”, afirma.
Em contrapartida, o senador Eunício Oliveira (PMDB) critica a “falta de compromisso” dos primeiros 100 dias de governo. Para o líder peemedebista, derrotado por Camilo nas eleições 2014, problemas na saúde pública e a paralisação de obras estão entre as principais falhas da gestão.
“Duas das principais obras do Estado, o Anel Viário e o Centro de Formação Olímpica, estão paralisadas por falta de pagamento à empresa responsável”, diz Eunício.
Embora o chefe de gabinete do governo, Élcio Batista, assegure que as investigações da Lava Jato não afetarão o Ceará, a paralisação das obras é reflexo da crise política que atinge o governo da correligionária Dilma Rousseff. As obras paralisadas eram de uma das empresas investidas no escândalo.
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