Deputado Carlos Matos quer saber custo para manter Acquario
FOTO: PAULO ROCHA/ASSEMBLEIA
Analistas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) reagiram às críticas do deputado Carlos Matos (PSDB) contra o órgão. Na quarta-feira, 4, durante audiência pública com secretários de Camilo Santana (PT) na Assembleia, o tucano disse que o instituto estava a serviço do governo, o que justificava os dados positivos à economia do Ceará - apresentados em estudo - com a instalação do Acquario .
Em nota, o Ipece repudiou e classificou como “infelizes” as declarações do deputado tucano. No manifesto, eles alegam que Matos tentou “colocar em dúvidas a honestidade intelectual de seus técnicos”. O órgão presta serviços e tem vínculos com a Secretaria do Planejamento do Estado.
Em audiência na quarta-feira, 4, Matos insinuou, durante debate sobre a viabilidade do Acquario Ceará, que os dados positivos apresentados pelo estudo do órgão serviam aos interesses do governo. De acordo com ele, mesmo com as explicações apresentadas pelos secretários sobre a obra, os números relativos ao equipamento não estão claros. “Qual o valor do aquário e quanto será necessário para mantê-lo? Não sabemos, por exemplo, qual o valor do ingresso, para calcularmos os lucros”, pontuou.
Ao O POVO, Carlos Matos negou a intenção de desqualificar os técnicos do instituto. Mas ele questionou o fato de o governo utilizar o estudo promovido pelo Ipece referente a 2011. À época, as estimativas do órgão previam gastos de R$ 250 milhões. Hoje, o orçamento da obra é superior ao estipulado naquele ano. De acordo com a Secretaria do Planejamento, o Acquario Ceará está orçado atualmente em R$ 348 milhões.
Interferências
Sobre justificar a obra do governo com dados positivos, o manifesto do Ipece rebate as críticas. “Em nenhum momento, em nenhum dos governos que se sucederam nos últimos doze anos, sofremos qualquer tipo de pressão ou interferência para produzirmos ou alterarmos resultados em qualquer direção que fosse”, descreve o texto. Para o órgão, as críticas do tucano Carlos Matos podem ser identificadas como estratégias para tentar desqualificar argumentos tecnicamente fundamentados.
Ao dizer-se preocupado com a fragilidade do estudo de mais quatro anos sobre o aquário, o parlamentar garante que são necessárias respostas mais claras sobre os impactos econômicos. “E não, simplesmente, hipóteses questionáveis”.
SERVIÇO
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece)
Telefone: 3101-3496/ 3101-3521Mais informações www.ipece.ce.gov.br
Saiba mais
Criado em 2003 na era Lúcio Alcântara (à época do PSDB), o Ipece é responsável por elaborar estratégias e propor políticas públicas ao Governo do Estado do Ceará.
Sobre impactos financeiros com o Acquario Ceará, o instituto prevê a geração de 74 mil empregos em toda cadeia produtiva do Estado, conforme apresentado na audiência pública na AL.
O tucano questiona o que diz o estudo, pois, segundo ele, em Chicago, nos Estados Unidos, o aquário foi responsável pela criação de 3.600 empregos
De acordo com os cálculos do estudo, o Ceará receberá cerca de R$ 551 milhões em Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
Matos questiona a base de alguns cálculos do instituto, inclusive sobre as possíveis despesas dos turistas. Governo diz que cada visitante gastará, por dia, R$ 440,00
O Acquario Ceará tem percentual de conclusão de 51%. Obras de instalações estão paradas, por determinação judicial.