Uma certidão expedida pelo secretário-geral da Mesa do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Melo Filho, a pedido do senador Tasso Jereissati (PSDB), e que chegou na Assembleia Legislativa (AL), ontem, pelas mãos do deputado Danniel Oliveira (PMDB), trouxe mais dúvidas e discussão aos parlamentares, principalmente de oposição, quanto à integridade da construção do equipamento. A certidão afirma que “não tramita e nem tramitou no Senado Federal, entre 2011 e 2015, qualquer proposição que trate de operação financeira externa entre o estado do Ceará e o Export Import Bank of The United States”. A não concretização do empréstimo, que precisaria da avaliação e autorização do governo federal, implicará ao governo do Estado a pagar a conta, segundo os parlamentares.
Sobre o documento, os deputados de oposição não pouparam críticas. “O sentimento é que nós fomos enganados, não só nós, mas a população do Ceará”, disse o deputado João Jaime (DEM), ressaltando que, na legislatura passada, quando questionava-se os gastos na obra, tendo em vista que o Ceará passava por uma seca, o ex- líder do governo, deputado José Sarto (Pros) como outros representantes, afirmaram que não poderia mudar a destinação do recurso, porque a verba era “carimbada” e oriunda de um empréstimo internacional que poderia ser gasta apenas com o Acquario. “Está aqui a certidão na minha mão, dizendo que não tem empréstimo”, reforçou João Jaime.
“Não quero prejulgar, mas é preciso explicar os fatos”, defendeu Danniel Oliveira (PMDB). O deputado afirmou ainda que, a instalação da CPI do Acquario, articulada pelo deputado Audic Mota, líder do PMDB, vai contribuir para que os fatos sejam esclarecidos. O peemedebista esteve reunido na última terça-feira (3), em Brasília, com os senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB), além do deputado Audic Mota, articulando a CPI.
Esperado
Desde quando o secretário de Turismo Arialdo Pinho anunciou que haveria uma auditoria na obra do Acquario, os parlamentares passaram a requerer a presença do titular da pasta na Casa. Arialdo era esperado para comparecer, na tarde de ontem, ao Plenário 13 de Maio, mas não foi, o que fomentou mais críticas dos oposicionistas. “Nós não queremos olhar para o retrovisor o que foi feito. Nós queremos olhar sobre o que será feito diante dos cenários”, disse o deputado Carlos Matos (PSDB) cobrando a presença de Arialdo Pinho na Casa.
Na sessão de ontem, o deputado Heitor Férrer (PDT) tomou ainda conhecimento de que a Comissão de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços convidou apenas para o debate sobre o empreendimento, o secretário de Infraestrutura, André Facó, e a secretária executiva de Turismo do Estado, Luciana Lobo. “O secretário Arialdo Pinho não é para vir mesmo não, se outros secretários foram convidados. Ou secretário não vale nada, ou não vale muito, ao ponto da comissão não dirigir a ele o imbróglio do Acqurário”, disse o deputado salientando que, sobre a não realização do empréstimo, “o Estado terá de pagar do bolso, o que representa dinheiro do contribuinte, para uma obra que não vai levar qualidade de vida a ninguém”.
Ausência
Durante a discussão sobre a obra do Acquario, o líder do governo, Evandro Leitão (PDT), estava ausente do plenário. Não é a primeira vez que Leitão se ausenta em debates em que a oposição lidera os pronunciamentos e a pauta na Casa. A reportagem buscou por meio de telefone conversar com o líder do governo, mas em uma das ligações, Evandro afirmou que estava em uma reunião e pediu para que a ligação fosse feita mais tarde, porém, ao retornar o contato, o parlamentar não atendeu as ligações.