O deputado Carlos Matos lamentou a descontinuidade de programas, com a troca de governos, relativos à convivência com o semiárido
FOTO: JOSÉ LEOMAR
O deputado Carlos Matos (PSDB) foi à tribuna, na manhã de ontem, cobrar do Governo do Estado medidas emergenciais para amenizar os efeitos da seca nos municípios cearenses. Destacando que 96% dos municípios cearenses estão em estado de emergência e os reservatórios estão com apenas 20% da capacidade, o deputado ponderou que a situação da convivência com o semiárido é agravada com a descontinuação de programas de governos anteriores por novos que assumem.
Na visão do parlamentar, deveria existir um plano de Estado, e não de Governo, para evitar que programas de convivência com a seca sejam encerrados ou "percam oxigênio" em futuros governos. "A descontinuidade das políticas públicas acaba impactando terrivelmente a vida das pessoas", apontou.
Matos ressaltou que a descontinuidade de programas afetam a saúde dos cidadão pela falta do que beber e pelo consumo de água contaminada; a renda familiar, devido à desestruturação da produção em consequência da falta de água; e a segurança urbana, em razão do êxodo rural. Apontou ainda a necessidade de que seja garantida, no mínimo, a água de beber. "Não creio haver nada mais importante (para o governo) do que os cearenses terem acesso ao mínimo para poderem viver", opinou.
O deputado defende que o número de carros-pipa passem, imediatamente, de 1.100 unidades para 1.500. Chamou atenção para a qualidade da água consumida pela população, destacando que 50% das cisternas do Estado têm suas águas contaminadas. "Daí a importância do trabalho dos agentes de saúde para disseminar informações sobre o uso do líquido sem contaminar o reservatório", emendou.
Em aparte, Fernando Hugo (SD) destacou a iniciativa do deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) na criação de comissão externa da Câmara para investigar o andamento das obras da Transposição de Águas do Rio São Francisco. "Tem mato cobrindo locais do canal em abandono completo", lamenta.
Obras paradas
João Jaime (DEM), por sua vez, informou ter recebido notícias de que as obras do Cinturão das Águas, que visa distribuir as águas transpostas do São Francisco para regiões mais secas do Estado, estão paradas. "Com a construção do canal que traz água para fortaleza, o outro lado, do Vale do Curu, está totalmente desprovido de abastecimento. O Cinturão viria trazer a água da transposição, parou também. As empresas construtoras que estão fazendo a obra já dispensaram os funcionários e retiraram as máquinas por falta de pagamento", afirmou.
Já Tomaz Holanda (PPS) alertou que até a Região Metropolitana de Fortaleza está correndo risco de padecer com a estiagem. Carlomano Marques (PMDB) disse para o governador Camilo Santana esquecer a Transnordestina, o Cinturão das Águas, a refinaria da Petrobras e a Transposição, que dependem de recursos federais. "Pode esquecer, porque o Governo Federal vive o princípio da incerteza. Não sabe se está vivo ou morto", declarou.
Em defesa, Elmano de Freitas (PT) rebateu críticas à gestão petista à frente da Presidência. "A transposição é pensada desde D. Pedro e só com o governo do PT deixou de ser ideia e foi 70% concluída. A empresa que toca a obra está numa crise financeira, foi ela que não realizou os pagamentos e não o governo".
Welington Landim (PROS) apontou que a obra da transposição do São Francisco não está parada. "Convido os parlamentares a formarem uma comissão, alguns nem devem conhecer a região sul do Ceará, e vamos lá para Brejo Santo. Tem 1500 homens trabalhando lá", garantiu.