Em entrevista ao O POVO, deputada se defendeu de críticas feitas após sua indicação à CDHC
Foto: CAMILA DE ALMEIDA
Depois de polêmica, a presidência da Assembleia Legislativa (AL) do Ceará resolveu voltar atrás na indicação da deputada Dra. Silvana (PMDB) para presidir a comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Casa. Agora, a peemedebista ficará à frente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento do Semiárido. Em seu lugar, assume o estreante Zé Ailton Brasil (PP).
LEIA TAMBÉMA diferença levou à substituição
Após encontro, ontem, entre o presidente da AL, Zezinho Albuquerque (Pros), Danniel Oliveira (PMDB) e o 1º secretário, Sérgio Aguiar (Pros), a deputada confirmou a retirada de sua indicação para a CDHC.
“Eles ponderaram. O Zezinho disse que ia ser uma guerra psicológica. Então não serei mais eu a presidir a comissão”, disse a parlamentar.
Ao O POVO, a deputada evangélica, acusada de homofobia por Ivo Gomes (Pros), titular da Secretaria das Cidades, afirmou “estar sofrendo” com o desfecho do caso. “Eu me sinto vítima de preconceito. Minha postura é de paz. Não sou homofóbica e nem fundamentalista. Sou vítima de preconceito.”
De acordo com Silvana, o recuo da presidência da AL ganhou força depois que o irmão do ex-governador Cid Gomes acusou-a de preconceito contra gays. Mudança
Líder do PMDB na Assembleia Legislativa, o deputado Audic Mota garantiu que seu partido defendeu o nome de Silvana na comissão até que a decisão final fosse tomada por Zezinho Albuquerque. “O PMDB não recuou. Quem recuou foi o presidente. Não abríamos mão da CDHC”, explicou o líder peemedebista.
Segundo Mota, faltou uma conversa entre a presidência da AL e o deputado Ivo Gomes, que, na última sexta-feira, disparou pelo Facebook críticas contra a deputada.
Depois da retirada do nome de Silvana, O POVO tentou entrar em contato com o deputado Ivo Gomes. O secretário não foi localizado.
Procurado, o presidente da Assembleia não comentou as mudanças no comando da Comissão de Direitos Humanos. Acionada, a assessoria de imprensa da AL disse que “não haveria do que tratar, pois o que há são indicações dos partidos”.
A escolha de Zé Ailton Brasil (leia entrevista ao lado) para substituir a Dra. Silvana no comando da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania foi feita ainda ontem.
O POVO apurou que o convite partiu do próprio presidente Zezinho.
"EU ME SINTO VÍTIMA DE PRECONCEITO. MINHA POSTURA É DE PAZ. NÃO SOU HOMOFÓBICA E NEM FUNDAMENTALISTA. SOU VÍTIMA DE PRECONCEITO
Dra. Silvana (PMDB) sobre decisão da presidência da AL, que a substituiu no comando da comissão de Direitos Humanos
Saiba mais
Em 2013, a deputada Dra. Silvana usou a tribuna da Assembleia para defender a redução da maioridade penal e o projeto “Cura gay” do deputado Marco Feliciano (PSC-SP)
Na semana passada, um primeiro acordo entre a mesa da AL e o PMDB conduziria Silvana à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Casa.
Em seguida, cerca de 40 entidades se manifestaram contrárias à nomeação da deputada para assumir a comissão na AL.
Os deputados Renato Roseno (Psol) e Ivo Gomes (Pros) criticaram duramente a indicação da peemedebista à CDHC.
O deputado Ivo Gomes (Pros) usou o Facebook para criticar a indicação de Silvana. Em um texto curto, o secretário das Cidades disse que a AL teria “um Marco Feliciano para chamar de seu” e acusou a deputada de ser “fundamentalista e homofóbica”.
Bate-pronto
O POVO - Como o senhor recebeu o convite para presidir a CDHC?
Zé Ailton - Recebi através de uma ligação. Quando recebemos esses convites, como pessoas públicas, nós temos de estar disponíveis. Nosso objetivo será de democratizar a comissão.
O POVO - Como o senhor viu a retirada do nome de Dra. Silvana da comissão?Zé Ailton - A Silvana é uma grande parlamentar, que tem demonstrado interesse por discutir temas dessa natureza. Mas, agora, não posso falar desse episódio.
O POVO - O senhor teme receber a pressão de movimentos ligados aos direitos humanos, como ocorreu com a deputada?
Zé Ailton - Não temo, pois quero discutir com esses movimentos. Eles são aliados. Quero estar com eles para que juntos possamos discutir.