O tempo dirá
Só ontem, no fim da manhã, o governador eleito concluiu a formação do secretariado que acabou anunciando, à tarde passada. Só os futurólogos, agora, poderiam falar sobre se foi ou não boa a escolha do governador Camilo Santana, posto ser prudente dar à equipe apontada o necessário voto de confiança, mesmo com as ressalvas feitas a alguns nomes incluídos na relação, como se compensados estivessem sendo por perderem a eleição, pois sem experiências executivas e dissociados das competências das pastas a ocuparem.
Camilo manteve no primeiro escalão do Governo, o núcleo central da gestão anterior. Nada a condenar, pois foi com esse pessoal que ele conviveu nos últimos oito anos enquanto secretário de Desenvolvimento Agrário e das Cidades. E deixou o seu partido, o PT, do tamanho que era antes, com três secretarias, o suficiente para acomodar dois suplentes de deputado estadual: Dedé Teixeira e Artur Bruno, assim como o vereador de Fortaleza, Guilherme Sampaio e a Controladoria.
Para alguns dos escolhidos, Camilo chegou a justificar as posições deles no Governo, fazendo uma relação com o Ministério da Presidente Dilma, como é o caso do senador Inácio Arruda, na Ciência e Tecnologia com o futuro ministro Aldo Rabelo. É compreensível que queira o governador ter secretários com afinidades políticas ou pessoais com os respectivos auxiliares da presidente. Mas, nada garante ser isso fundamental para possibilitar ao Estado ser melhor atendido pela esfera federal. Em qualquer das áreas da administração, o bom resultado das relações entre o Governo do Ceará e o Nacional vai depender do prestígio do próprio governador.
A partir de agora, por ser natural, vão surgir os burburinhos das insatisfações de aliados. Vários dirigentes de partidos esperavam ter filiados a seus grêmios no primeiro time governamental. A expectativa agora é quanto à formação dos segundo e terceiro escalões, o que vai acontecer depois dos dois primeiros meses de Governo. A intenção é renovar todo os cargos comissionados, mesmo que muitos, pelos apadrinhamentos, tenham que ficar no Governo, mas não nos postos ocupados atualmente.
Também restaram insatisfações na Assembleia, onde uns dois ou três deputados tinham pretensões de figurar no secretariado e foram tomados de surpresa com o anúncio sem terem sido informados do que a eles restariam posteriormente.
Suplentes
Para contemplar outras tendências petistas, o governador decidiu, somente ontem, aumentar de dois para quatro o número de deputados estaduais no secretariado que inicia o seu Governo. Antes, só estava certa a saída de Ivo Gomes e de David Duran, tanto que Osmar Baquit e Mirian Sobreira só foram comunicados de que seriam secretários, algumas horas antes do anúncio de seus nomes. A ideia de Camilo era contemplar os dois primeiros suplentes do seu partido, Dedé Teixeira e Rachel Marques, com cargos, mas os dois fazem parte da mesma tendência e deixaria insatisfeitas as outras tendências que, mesmo com certa reserva, estiveram com seus integrantes na campanha. Se Rachel, a quinta suplente vai assumir o mandato de deputado, a dúvida agora é sobre o líder do Governo.