Os candidatos ao governo do Estado, Ailton Lopes (Psol), Camilo Santana (PT) e Eliane Novais (PSB), participaram, na manhã de ontem, de um encontro promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na sede da Regional I, no Bairro de Fátima, onde apresentaram suas propostas de governo e ouviram demandas da Igreja Católica. O candidato ao governo pelo PMDB, Eunício Oliveira, não compareceu ao debate. Após ouvir os candidatos, os bispos apresentaram um documento onde fazem uma reflexão profunda sobre políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento do Estado, no tocante, principalmente, à segurança pública, saúde, educação e convivência com o semiárido. O candidato pelo Psol, Ailton Lopes foi o primeiro a apresentar as propostas de governo. Ailton reverberou ser contra o atual modelo de desenvolvimento, onde avalia ser concentrador de renda e riqueza e gerador de desigualdade social. “Por isso, não dá para implantar as políticas sociais de educação, saúde, saneamento, transporte, se não tiver independência econômica, o que é fundamental para se ter independência política”, defendeu. Já a candidata socialista, Eliane Novais, destacou a abertura de diálogo com a sociedade, como ponto fundamental para avançar nas políticas públicas. Novais que teve a agenda retomada, ontem, após período de luto pelo falecimento de Eduardo Campos, na último dia 13, destacou, também, que caso seja eleita, dará atenção a políticas de convivência com a seca, bem como de segurança pública. “O que nós estamos propondo é um modelo de gestão descentralizador e diálogo”, articulou, dando conta de que é por meio do mecanismo do diálogo com a sociedade que o seu governo terá novas estratégias para a saúde, educação e segurança pública. Camilo Santana (PT) lembrou que o sistema capitalista por si só, é um gerador “perverso” de desigualdades sociais, e ponderou que o papel do Estado, é de coordenar bem as políticas públicas. O petista defendeu ainda o programa do Ronda do Quarteirão, e garantiu que, caso eleito, irá reorganizá-lo, além de aumentar o efetivo das polícias. Camilo Santana também falou sobre a epidemia das drogas, onde propôs maior fiscalização nas fronteiras. “Se for qualificar a criminalidade no Ceará, quase 70% está concentrada em Fortaleza e Região Metropolitana, além de que 72% desses crimes têm relação direta com a droga”, enfatizou. A educação também foi tema destacado pelo petista. “A educação é a terceira área em que o Estado mais investiu no Ceará, e nós pretendemos fortalecer essa responsabilidade”, disse. DOCUMENTO O documento apresentado aos candidatos pela CNBB do Ceará diz, ao tratar do Modelo de Desenvolvimento, que as políticas em curso permitiram avanços no combate à extrema pobreza, ampliou para as classes populares o consumo e criou um mercado de consumo interno de massas, entre outros avanços. No entanto, o documento ressalta que ficaram para serem resgatados os direitos sociais como acesso à saúde e educação de qualidade, desconcentração de renda e as políticas públicas referentes à cultura, esporte e lazer. O documento também faz uma reflexão sobre o aumento da criminalidade, que aponta ser um grande desafio que deve ser assumido pelo futuro governante. O texto também faz uma reflexão sobre políticas do semiárido, além de grandes reformas estruturantes como a reforma tributária, agrária, democratização dos meios de comunicação, e, principalmente, a reforma política. De acordo com o padre Gilson Soares, assessor da CNBB, a participação da Igreja no processo eleitoral é extremamente importante para a democracia e deverá contribuir nesta campanha. “Estamos entregando aos candidatos o que o povo, a Igreja e os bispos pensam para o Ceará, no que diz respeito à educação, segurança, moradia e políticas públicas. Vendo a realidade ‘empobrecida’ do Estado, mas com avanços destacados nesta cartilha”, disse.