O candidato à Presidência da República pelo Partido Social Cristão (PSC), Pastor Everaldo, esteve ontem na Capital cearense procurando fortalecer seu palanque no Estado - que é dividido com mais três presidenciáveis (Aécio Neves, Dilma Rousseff e Eymael)na coligação majoritária encabeçada pelo senador Eunício Oliveira (PMDB). O presidenciável conversou, no início da tarde de ontem, com o candidato a vice-governador de Eunício, Roberto Pessoa (PR), com o vice-prefeito de Fortaleza e presidente estadual do PMDB, Gaudêncio Lucena, com a executiva estadual do seu partido (PSC) e com correligionários candidatos a cargos proporcionais, com os quais gravou programas de rádio e televisão para a propaganda eleitoral gratuita. Eunício Oliveira (PMDB), que encabeça a chapa formada pela coligação "Ceará de Todos", que inclui o PSC, não compareceu ao evento. De acordo com Roberto Pessoa, o senador estava se reunindo com lideranças da Região do Cariri e teria compromissos com a reunião da cúpula do BRICS que está sendo realizada em Fortaleza, no Centro de Eventos. Tanto Gaudêncio como Pessoa disseram estar felizes com a participação do PSC na coligação e ressaltaram as conquistas do partido nas últimas eleições municipais, quando elegeram uma bancada de quatro vereadores na Câmara Municipal de Fortaleza. "De coração, eu desejo a todos os candidatos do PSC nessa eleição um desempenho satisfatório, e que a gente possa ter uma bancada na Assembleia Legislativa, se possível tanto quanto tem na Câmara", incentivou o vice-prefeito. A coligação aglutina partidos que defendem outros presidenciáveis além do Pastor Everaldo, como Dilma Rousseff (PT), pelo PMDB de Eunício; Aécio Neves, pelo PSDB do candidato ao Senado Tasso Jereissati; e Eymael, pelo PSDC. Também compõem a aliança DEM, PRP, PR, PTN e PPS. Everaldo atribuiu a situação à legislação brasileira e afirma que, caso seja presidente, uma de suas prioridades será realizar a Reforma Política. Propostas Antes do encontro com Gaudêncio e Roberto Pessoa, o Pastor Everaldo concedeu entrevista coletiva, teve reunião com dirigentes do seu partido no Ceará e fez gravações para os programas da propaganda eleitoral que começa no próximo mês. Na entrevista, falando sobre economia, o pastor defende medidas neoliberais como câmbio flutuante, meta de inflação próxima de zero e ajuste fiscal. Na visão do candidato, a máquina pública está inchada e aparelhada - uma das medidas que promete tomar caso seja eleito é a redução do número de ministérios. "O ideal é vinte", defendeu o presidenciável. Hoje há 39 ministérios no País. Voto obrigatório Everaldo defende também a privatização de empresas estatais que "são foco de corrupção". "Não tem cabimento o governo ter, através do BNDES, sociedade com mais de 600 empresas (nem ter) algumas estatais como BR distribuidora. Para que o Governo ter posto de gasolina? Para que ter BR Biodiesel, plantar cana? Isso tudo nós vamos passar para a iniciativa privada", assegurou. O candidato ressalta, entretanto, que não pretende privatizar a Petrobras. "A Petrobras é patrimônio nacional e vamos fazer de tudo para recuperar o que, lamentavelmente, esse Governo fez: sucatear e colocar hoje a Petrobras, um orgulho brasileiro, como uma das empresas que mais devem no mundo. Essa vergonha nós vamos fazer de tudo para recuperar. Agora essas subsidiárias que servem só para negociação política, vamos passar tudo para a iniciativa privada", afirmou o pastor Everaldo, diante dos correligionários. Ele propõe ainda o fim do voto obrigatório, das coligações proporcionais e da cessão de tempo de televisão às coligações majoritárias. Este, um dos temas controverso, inclusive já foi objeto de propostas de Reforma Política, discutidas no Congresso. "Já temos projetos do fim do voto obrigatório e das coligações proporcionais. A nossa proposta agora é que, quando um partido se coligar na majoritária, ele não leve o tempo de televisão. Ele vai se coligar na majoritária apenas pelo programa. O partido que recebe o apoio fica com o tempo dele original", defendeu. Popularidade O pastor afirmou ser um liberal do ponto de vista econômico e conservador do ponto de vista social. Ele reforçou bandeiras contrárias ao aborto e em defesa do casamento conforme está na Constituição Brasileira, isto é, entre homem e mulher. "A pessoa mais liberal e democrática é Deus, deu livre-arbítrio para o ser humano seguir o seu caminho, então nós temos que respeitar as pessoas. Eu respeito e, naturalmente, como estou em uma democracia, tenho direito de defender aquilo que eu acredito", aponta. O presidenciável minimizou a popularidade das três maiores candidaturas, afirmando estar seguro de que, à medida que a população brasileira vá conhecendo as suas propostas, seus índices melhorarão nas pesquisas eleitorais. "(Os outros candidatos) estão mais na frente um pouquinho. Eu, um ilustre desconhecido, já estou encostando neles ali", afirmou Everaldo. "É só uma questão de tempo. Daqui a pouco vamos estar passando o terceiro, o segundo, vamos para o segundo turno e vamos ganhar as eleições". Embora ainda fosse prevista a realização de uma caminhada no Centro da cidade, o vereador Wellington Sabóia, presidente estadual do PSC e responsável pela agenda do candidato, justificou a mudança de planos pela necessidade de gravar inserções com o candidato para a propaganda na televisão. "Determinamos que iríamos fazer uma reunião mais tática. Vamos priorizar as gravações, porque não sabemos o tempo que nós teremos no futuro com o pastor Everaldo", afirmou. Palanque Pastor Everaldo deixou Fortaleza sem saber como será sua participação no palanque de Eunício Oliveira, tendo em vista que o próprio candidato a governador defende o voto em Dilma Roussef, de quem o PMDB nacional é aliado e tem o candidato a vice-presidente na chama, o atual vice Michel Temer. Do outro lado, o principal aliado de Eunício Oliveira, na disputa pelo Governo do Estado é o PMDB, cujo líder maior no Ceará, Tasso Jereissati é o candidato a senador. Tasso, como havia declarado antes da formalização da aliança, só faria aliança com quem votasse em Aécio Neves, o candidato tucano à Presidência da República. Assim, os principais candidatos a presidente no palanque de Eunício serão Dilma Rousseff e Aécio Neves, faltando, desse modo, espaço para os outros dois candidatos de partidos aliados ao peemedebista.