Já foi definida ontem a maioria das coligações proporcionais (que disputam os cargos de deputado estadual e federal) para as eleições deste ano, mas até agora o que existe é um cenário de contradições. Partidos rivais nacionalmente e até em nível estadual podem ser vistos integrando uma mesma chapa, assim como políticos considerados adversários históricos.
No Ceará, PMDB e PT, aliados em nível nacional, disputam cargos em chapas rivais. Dentro de uma mesma coligação para deputado federal estão PMDB e PR, aliados da presidente Dilma Rousseff (PT); PSDB, DEM e PTN, defensores da candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência; PSC, do candidato a presidente Pastor Everaldo; PSDC, do presidenciável José Maria Eymael e PPS, que se aliou nacionalmente ao ex-governador e candidato a presidente Eduardo Campos (PSB).
Outro exemplo de contradição pode ser vista dentro da coligação do governo estadual, que reúne, dentre outros partidos, PT, Pros, PSL, SD e PTB. Os dois últimos são aliados do PSDB em nível nacional, enquanto o PSL esta junto nacionalmente do PSB de Campos.
Em 2002, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) criou resolução que determinou a verticalização das coligações, proibindo os partidos de realizarem, nos estados, alianças diferentes das concretizadas em nível nacional. Essa norma, porém, perdeu validade nas eleições de 2010 graças à Emenda Constitucional 52.
Posições
O deputado estadual Fernando Hugo (SD), que se define como “antipetista radical”, mas cujo partido integra coligações com o PT, afirma que as alianças foram decididas pela maioria do seu partido. “Eu não poderia de forma alguma me insubordinar contra uma decisão da cúpula partidária”.
O presidente do PT cearense, Diassis Diniz, afirma que o partido não se sente desconfortável em relação às alianças. “Nós vamos discutir uma política macro. Nós não estamos mudando de posição. Ela continua a mesma”.
João Alves de Melo, secretário-geral do PMDB no Ceará, considera que as coligações realizadas são um “processo normal da democracia”. No mesmo sentido entende o ex-governador Lúcio Alcântara (PR), para quem “o que une esses partidos (coligados ao PR) é o desejo de mudar o grupo que está no poder no Ceará”.
Porém, segundo o vereador e candidato a deputado estadual Guilherme Sampaio (PT), “essas contradições são decorrências da fragilidade do nosso sistema político partidário”. Para ele, é necessário a realização de uma uma reforma política que “faça os partidos terem peso maior que os indivíduos”.
Para o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB) é preciso reduzir o número de partidos. “Como o Congresso não fez uma reforma política, infelizmente ficamos à mercê de resoluções (do TSE) a cada eleição”.
Saiba mais
Coligações proporcionais no Ceará para deputado federal:
Bloco governista:
Pros, PT, SD, PTB, PDT, PCdoB, PSD, PSL, PRB, PHS
Oposição:
- PMDB, PR, PSDB, DEM, PSC, PTN, PSDC, PPS, PRP
- Psol, PSTU e PCB
- PSB
Coligações proporcionais no Ceará para deputado estadual:
Bloco governista:
- Pros, PT, SD, PTB, PCdoB, PSD, PSL, PRB, PHS, PV
- PDT
Oposição:
- PMDB, PR, PSDB, DEM, PSC, PTN, PSDC, PPS, PRP (a chapa proporcional para deputado federal deverá se separar em dois blocos para deputado estadual. Porém, até o momento da finalização desta matéria, os responsáveis dos partidos pela formação dos blocos não forneceram informações sobre o resultado da negociação)
- Psol, PSTU e PCB
- PSB