A revolta com a matéria-prima
Ely Aguiar e Ferreira Aragão, ambos deputados estaduais e Edson Silva, deputado federal, são personagens de um segmento da imprensa do Ceará que trata do mundo policial. Os três têm programas na televisão falando de crimes, assaltos, roubos e essas delicadezas de que estamos sendo vítimas todo santo dia que Deus dá. Conheço o Ferreira Aragão desde menino, na primeira dentição do rádio. Conheço o Ely Aguiar desde quando em setenta e poucos chegava do Cratinho de Açucar. O Edson vem desde os tempos de quando se fazia rádio com amor e romantismo, tambem em meados dos anos setenta do século passado. Sei que são pessoas devotadas à profissão e que compram brigas em defesa da sociedade. Sei que são pessoas comprometidas com a verdade e, invariavelmente, mostram as mazelas da sociedade para essa mesma sociedade que come o pão que o diabo amassou em ônibus e ruas apinhadas e ainda tem que conviver com uma bandidagem que chega às raias do absurdo. De tão absurdas têm sido as ações de criminosos que arrancaram dos três gestos, palavras e ações indignadas com a criminalidade que reinou no carnaval. Foram mais de 70 assassinatos no Ceará só no período de sábado a quarta-feira de cinzas. Estão fora as mortes pela violência do trânsito, os suicídios, as vendas de drogas, os contrabandos, as chantagens, as agressões sexuais, as surras dadas por bandidos em mulheres e crianças. Isso tirou Ely, Ferreira e Edson do sério. E olhe que essa é a matéria-prima de seus trabalhos. Ê, ê!