Depois de manifestantes protestarem ontem na Câmara Municipal do Crato contra o prefeito Ronaldo Gomes de Mattos (PMDB), a Casa aprovou a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a suposta compra de votos de vereadores por ele para desaprovar contas do ex-prefeito Samuel Araripe (PSDB). Araripe fez a denúncia na semana passada. Segundo ele, as contas da sua gestão no ano de 2009, aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), foram desaprovadas na Câmara, no último dia 21, após vereadores receberem R$ 50 mil cada do atual prefeito. Catorze dos 19 vereadores votaram pela desaprovação. Limpeza simbólica A sessão desta terça-feira foi marcada por protesto de manifestantes, cerca de 80, que portando cartazes e vassouras, ocuparam o interior da Câmara (alguns levaram vassouras para limpar simbolicamente o parlamento). Eles pediam a cassação de Ronaldo Mattos e a abertura de CPI. Homens da Guarda Municipal foram chamados para contê-los. Por causa do protesto, o presidente da Câmara, Luis Carlos Saraiva (PSL), suspendeu a sessão, mas, a pedido de alguns vereadores, o trabalho foi retomado, com a aprovação da abertura de duas CPIs: uma para apurar a denúncia de compra de votos e outra para analisar as contas da própria Câmara de 2005 a 2012. Os pedidos de CPI foram apresentados pelo vice-presidente da Casa, Roberto Anastácio (Pros), e subscritos por 12 vereadores. “Cinquentinha cada” Na última segunda, Samuel Araripe enviou a rádios do Crato trecho de gravação que fez de uma conversa com o vereador Dárcio Luiz (PSDB), em que este relata a reunião que ele e outros vereadores tiveram com Ronaldo Mattos na noite anterior à votação das contas de Araripe. “O prefeito chamou um por um... cinquentinha pra cada um”, diz Dárcio na gravação. Ontem, Dárcio afirmou em entrevista à Rádio Araripe que não recebeu dinheiro do prefeito. “Tenho minha consciência tranquilíssima”, disse o vereador, que se considera “traído” por Araripe. “Não autorizei a gravação”. Na última sexta, 25, o deputado Fernando Hugo (SDD) denunciou o caso na Assembleia Legislativa e declarou que enviara ao Ministério Público Estadual documentos que, segundo ele, incriminam Ronaldo Mattos e “os vereadores que se venderam”. (colaborou Amaury Alencar) O POVO tentou ouvir Ronaldo Mattos ontem. A assessoria de imprensa do prefeito disse que ele não iria se pronunciar sobre o assunto.