Acompanhamento de ações do Estado e dos projetos de lei fica em segundo plano durante as discussões na Casa O debate sobre conjuntura política tem sido priorizado na Assembleia Legislativa, nos últimos tempos, mais do que os problemas relacionados aos anseios da população cearense ou projetos e ações do Governo do Estado. Em muitos casos, deputados levam à tribuna "picuinhas" entre adversários políticos ou assuntos de âmbito nacional. Parlamentares divergem sobre essa escolha das prioridades.O deputado Welington Landim (PSB) é um dos que se diz contrário. Na avaliação dele, "pequenos debates" sobre insatisfação decorrente de conflitos política devem ser tratados pelas câmaras municipais dos respectivos municípios. "Sou contra, desde que não seja uma coisa muito séria. Na Assembleia, temos que tratar coisas do Estado", comenta. Para ele, o recente crescimento de discussões desse tipo é consequência da proximidade das eleições de 2014. "É preciso que a Mesa Diretora seja muito contundente para evitar essa municipalização do debate na Assembleia", cobra. O deputado Ferreira Aragão (PDT) também critica essas pautas, principalmente quando parlamentares levam à tribuna assuntos nacionais. "Sou defensor de que temos que focar nos problemas regionais e, inclusive, de Fortaleza. Já temos deputados federais e senadores que cuidam dos assuntos nacionais", justificou. Segundo ele, as cobranças que tem feito ao Governo do prefeito Roberto Cláudio (PSB) foram no sentido de "fiscalizar e de oferecer opções" à Prefeitura da Capital cearense, e não apenas criticar, como faz a oposição. Para o deputado Dedé Teixeira (PT), contudo, esse debate sobre questões políticas é "natural". "Essa é uma Casa política. Somos 46 representantes de diversas facções políticas. Então é natural que, além das discussões do Estado, ela transcenda a discussão política, muito baseado no que se discute em todo o Brasil", avaliou, reconhecendo que a proximidade das eleições tem suscitado muito mais discussões dessa natureza. Um dos principais autores desses ataques ao Governo Federal é o deputado Fernando Hugo (PSDB). Para o parlamentar, esses debates meramente políticos devem ser encarados com normalidade dentro da Assembleia, pois, "como toda e qualquer igreja política", é palco de debates sobre diversos assuntos, "projetos, situações, circunstâncias, atos administrativos, sobre os três poderes, sobre a circuncisão que deve existir num elo que una os três poderes e, mais ainda, (sobre) política pura, no sentido real da palavra". Na avaliação do deputado Perboyre Diógenes (PMDB), essa falta de discussão sobre proposituras apresentadas reflete a pouca produção de matérias, em razão das limitações que os parlamentares têm, como a impossibilidade de propor projetos que mexam com o orçamento do Estado do Ceará. "Nós estamos aqui para votar o que o Governo manda. Essa que é a verdade. Fazer projeto de Indicação sem ter poder de nada, eu não faço, porque o Governo vai lá, engaveta, e não dá em nada", justifica.