Apesar de cumprir o primeiro mandato, alguns vereadores já mostram desenvoltura no Plenário ou durante debates na Casa
FOTO: NATINHO RODRIGUES
Vereadores de primeiro mandato apontam obstáculos na Casa e tentam ocupar espaço no legislativo da Capital
Dos 43 candidatos eleitos em outubro de 2012 para a Câmara Municipal de Fortaleza, 17 cumprem o primeiro mandato no legislativo municipal. A maioria ainda não tinha abraçado a função de parlamentar, nem mesmo como suplente, e estão, aos poucos, se acostumando com esse universo, embora alguns já mostrem desenvoltura em certas funções do parlamento.
Subir à tribuna para discursar, apresentar projetos e presidir comissões são algumas das tarefas realizadas pelos vereadores. Durante a realização das sessões, a maior parte dos novatos já mostrou conhecimento dos trâmites da Câmara Municipal e de regras postas no Regimento Interno da Casa. Apesar de alguns se mostrarem mais reservados quanto ao uso da tribuna, outros demonstraram estar prontos para o embate e sempre que possível vão se pronunciar.
É o caso do vereador Capitão Wagner (PR). Apesar de ser seu primeiro mandato no parlamento, não é a primeira experiência numa casa legislativa; o republicano teve uma breve passagem pelos quadros da Assembleia Legislativa, como suplente. Agora, como vereador, observa que a Câmara Municipal se assemelha bastante à Assembleia em relação a maioria apoiar o governante e sobre as limitações da oposição em marcar território.
Obstáculos
A dificuldade que está tendo no parlamento não é de um principiante, confessa, mas de quem já conhece as nuances do legislativo, afirmando estar enfrentando obstáculos para aprovar suas matérias. Ele chegou a reclamar que um de seus requerimentos, que pede cópia do edital do contrato de permissão referente à licitação do serviço de transporte coletivo, ainda não foi colocado em pauta.
Antes de assumir o mandato, o vereador admite ter pensando que a experiência na Câmara daria mais liberdade para desempenhar seu papel de oposição, tanto no que compete à aprovação de matérias como na ocupação de espaços na Casa. Capitão Wagner lembra que tentou garantir a presidência da Comissão de Segurança Pública, mas não obteve êxito.
O vereador Márcio Cruz (PR) achava que o trâmite das matérias apresentadas pelos parlamentares seria mais fácil, porém atestou que, para muitos que ocupam uma cadeira no Legislativo municipal, os interesses políticos sobressaem aos interesses da população. Ele também faz críticas ao não cumprimento do Regimento Interno da Casa em algumas situações.
Outra objeção é em relação à estrutura ofertada pela Casa, informando que até mesmo os gabinetes não oferecem condições de trabalho. Márcio Cruz conta que teve de providenciar uma reforma em seu gabinete, incluindo pintura, parte elétrica e a compra de móveis, uma despesa, calcula, de R$ 20 mil.
A vereadora Cláudia Gomes (PTC) assegura que, até o momento, não está tendo nenhuma dificuldade em exercer seu mandato e já recebeu a missão de ser vice-líder do governo na Casa. Fisioterapeuta de formação, decidiu disputar uma vaga na Câmara por incentivo do marido, o ex-vereador Marcílio Gomes. Para ela, o que causou mais estranheza foi perceber que alguns dos seus colegas estão mais preocupados com interesses pessoais do que com a defesa do povo.
Familiarizada
Já a vereadora Tamara Holanda (PSDC) deixa claro que recebeu orientações antes de entrar no parlamento. Filha do ex-vereador Thomaz Holanda, ela avalia que já estava familiarizada com o ambiente do parlamento antes de ser eleita. Para ela, o maior desafio é presidir a Comissão de Viação e Transporte.
O vereador Paulo Diógenes (PSD) assegura que, até agora, o parlamento tem se mostrado como ele imaginava. Ao se candidatar, esclarece, procurou conhecer as competências dos parlamentares. A função principal, elege, é a de fiscalizar, prometendo se dedicar a essa tarefa. Ele revela que tem observado e estudado muito para exercer o mandato, afirmando estar se debruçando sobre a Lei Orgânica do Município e o Regimento Interno da Câmara, porém, deixa claro que conta com uma boa equipe de assessores que o ajudam na elaboração de projetos.
Paulo Diógenes informa que pretende instalar na Casa uma subcomissão para tratar de assuntos referentes aos usuários de drogas, a sua principal bandeira defendida na Câmara. No primeiro discurso feito na Casa, prometeu lutar por políticas públicas destinadas aos dependentes químicos. Dos seis projetos de lei que ele propôs, um institui o programa municipal de acompanhamento e assistência psicossocial aos familiares de dependentes químicos.