Estado gasta na manutenção de carros metade do valor da compra
O deputado estadual Heitor Férrer (PDT) apresentou números intrigantes sobre as despesas do Governo do Estado com a sempre polêmica frota de veículos. De acordo com o parlamentar, R$ 161 milhões foram gastos de 2008 para cá na compra de carros da montadora Toyota. O contrato inclui a aquisição das Hilux compradas inicialmente para o programa Ronda do Quarteirão e, mais tarde, adotadas por toda a Polícia. Porém, o mais espantoso talvez nem seja o valor desembolsado para adquirir os veículos. Na tribuna da Assembleia Legislativa, Heitor chegou a falar de R$ 92 milhões para a manutenção desses veículos de 2008 para cá. Algum tempo depois, foi alertado por assessor de que essa conta incluiria alguns valores que talvez fossem indevidos. Assim, reviu o valor para R$ 81 milhões. Mesmo com o novo cálculo, a manutenção custa a metade do que foi desembolsado para comprar os carros. Coisa de R$ 16 milhões por ano. Com um detalhe particularmente intrigante: na época da licitação, as exigências impostas foram objeto de muita polêmica. Concorrentes da Toyota diziam que a empresa era a única com itens de série para atender, com preço competitivo, requisitos difíceis de explicar, como banco de couro e câmbio automático. Um dos argumentos dos defensores do governo era de que os veículos de qualidade supostamente maior seriam mais resistentes e, assim, demandariam menos reparos. Além disso, tanto o então líder governista, Nelson Martins (PT), quanto o atual presidente da Assembleia Legislativa, Zezinho Albuquerque (PSB), chegaram a anunciar que os três primeiros anos de manutenção dos veículos que fossem adquiridos seriam custeados pela empresa vencedora da licitação. Agora, aparece essa conta milionária.
Se o valor anunciado por Heitor Férrer estiver correto, o Governo do Estado tem explicações a dar a quem paga suas contas. A impressão que fica é de que o comportamento tem sido perdulário. Evidentemente, com o dinheiro alheio - como sói acontecer quando há posturas do tipo.
CARLOMANO COM MANDATO, MAS SEM ESPAÇOSEmbora tenha sido anunciado que Carlomano Marques (PMDB) pediu para deixar a vice-liderança do governo Cid Gomes (PSB) e para não assumir a presidência da Comissão de Saúde, o fato é que sua presença nessas posições de destaque iria constranger a Assembleia. Por isso, houve gente graúda se movimentando para mantê-lo longe desses postos. São ótimos sinais que isso tenha ocorrido e que Carlomano tenha assentido. Sem pré-julgamento algum, o fato é que ele está cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral, embora a liminar do Tribunal Superior Eleitoral o mantenha com o mandato até o julgamento do recurso. A postura de não colocá-lo à frente de uma das mais importantes comissões da casa e na condição de um dos porta-vozes do governo mostra, no mínimo, que os legisladores não desprezam tanto a opinião pública e não estão tão indiferentes ao que pensa a sociedade quanto pode por vezes parecer.