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Coluna Macário Batista - QR Code Friendly
Quinta, 03 Janeiro 2013 07:01

Coluna Macário Batista

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  Muito bem, agora, temos o que fazer • Pelo menos eu, que pretendo jogar fora um bocado de gravata demodê, camisas puídas nas mangas e nas golas, sapatos com calcanhares inadequados à idade do usuário, por fim, tirar o ranço das zangas do ano passado e correr pra loteria do futuro, apostar todas as fichas na esperança de trabalhar direito, em paz, com a seriedade de sempre, pelo menos no quesito não vender notícia, não vender espaço, não vender a alma; jornalista pode vender o carro e ficar de-a-pé, vender a casa e morar de aluguel, perder a mulher e sair pela aí mendigando carinho, mas vender a alma e perder a dignidade é coisa feia, muito feia. Então, com o sol já alto nesta quinta-feira, vamos a 2013. Vamos pôr flores no túmulo do PT que tanta esculhambação fez em Fortaleza e no Ceará onde reinou, ou vamos orar pelo retorno àqueles princípios que um dia ordenaram os sonhos do nosso dia-a-dia? Não sei, por isso mesmo vou em frente, mas deixo graves anotações para cuidar no futuro. Vamos ao fundo do poço nas meladas do PSDB que nem nadou e já morreu antes de chegar à praia, ou vamos esperar que homens da grandeza de Marcos Cals e Fernando Hugo enterrem, com vergonha, suas cabeças na areia movediça pelos malfeitos dos seus, lá deles, parceiros? Vamos acreditar no PMDB e suas articulações de garganta profunda e versões cavilosas de luta pelo povo, quando só pensa no próprio umbigo e as necessidades de suas pseudolideranças? E na seriedade que o PSOL pensa que tem, vamos fazer uma fezinha? Olha, estou afirmando que vou desfazer-me de tudo o que passou por mim em 2012, e não prestou, não por querer vida nova, mas é mesmo pra desapegar, largar pra lá, tirar o mofo, espairecer, gritar meu grito mais forte de juventude, e o que ainda dela restar, se é que sobrou alguma coisa aqui. Tem aqui umas cuecas velhas, umas toalhas que já não enxugam, umas calças que já não me cabem, um colchão velho que já troquei por um moderno sofá-cama e papel. Olhe, nunca num ano só guardei tanto papel na vida. Tem documento secreto, documento não secreto, documento que vale alguma coisa e documento que não vale o que a gata enterra. Então, vai tudo pro lixo. Claro que as dívidas – e são raras – continuam espetadas na parede. Pagá-las-ei quando e como puder. Os créditos a meu favor de há muito perdoei. Não se preocupem em pagar-me os devedores. Abro mão dos valores pra não perder o direito de chamá-los de caloteiros. Os que me sacanearam, perdoo mas não abro mão do sagrado direito de descrever  cada um como um féla,  um mau-caráter travestido de gente, um bandido que um dia queimará no mármore do inferno, como ensinou aquela velha novela. Então, dando os trâmites por findos, quero anunciar aos quatro ventos que vou jogar fora todo meu texto cáustico, para ficar apenas com a banda crítica, que assim também, nessa de virar anjo, tem que ficar pelo menos um pouco de sacana. E ser sacana, nem que seja um pouco, de vez em quando, não será de todo ruim. Quem não gosta de uma sacanagenzinha pra apimentar a relação? Agora, vamos trabalhar.
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