Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Carlomano Marques (PMDB) atacou O POVO e o jornalista André Teixeira, autor da matéria que ocasionou sua cassação pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE).
O deputado afirmou que o jornal “continua quebrado”, e acusa a publicação de ter dívida com a previdência dividida em 100 anos durante gestão de José Pimentel (PT) na pasta.
Chamou ainda o jornalista André Teixeira de “embusteiro”, porque não estaria doente quando recebeu consulta médica no comitê de campanha do parlamentar, em 2010.
“Fingir que estava doente, abusando da boa fé da Magaly, para criar prova podre? Isso não é jornalismo, é fraude”, disse, chegando a afirmar que o repórter “deveria ser investigado”.
“O André tá perdoado, mas o que ele fez foi sem qualquer escrúpulo. Quem não tem escrúpulo é, patologicamente, um criminoso nato”, disse.
Procurado pelo O POVO, André Teixeira, hoje repórter do portal de notícias G1 Ceará, esclarece que, diferente do que é apresentado por Carlomano, sua consulta com Magaly não foi um caso isolado.
“O deputado argumenta com base na ideia de que eu era um caso pontual, mas no dia em que estive no comitê, tinha fila e distribuição de senhas de atendimento. Não foi um caso isolado: havia um consultório médico montado e propagandeado na região”, explica.
André ainda esclarece que, apesar de ter sido motivado a fazer a consulta pelo interesse jornalístico, jamais mentiu com relação às dores que descreveu para a médica. “Não menti. Tenho tendinite, e realmente sofria os problemas que apresentei na consulta”, disse. Sobre as demais declarações do deputado, o jornalista prefere não se manifestar.
NOTA DA REDAÇÃO
O ainda deputado Carlomano Marques tem todo o direito de fazer sua defesa na Assembleia, mas não de proferir mentiras contra O POVO e o jornalista André Teixeira para tentar desviar o foco da sua situação legal. O POVO esclarece que não procede a afirmação de que tenha sido feito um acordo com o INSS para pagar dívidas previdenciárias em 100 anos. Não há qualquer decisão administrativa neste sentido. O que existe é uma decisão judicial definindo critérios para o pagamento de uma dívida anterior – decisão esta que está sendo rigorosamente cumprida, como toda decisão judicial deveria ser. Da mesma forma, não há e nem haverá qualquer “campanha” orquestrada contra o deputado. A reportagem que serviu de base para a denúncia do Ministério Público e que resultou na sua cassação pelo Pleno do TRE – com o voto de quatro dos seis integrantes daquela Corte - ocorreu em 2010. De lá para cá, Carlomano tem recebido o mesmo tratamento dado a seus pares na Assembleia. Esse tratamento tem como premissa o respeito ao homem público, mas também à necessidade de fiscalização rigorosa de sua atuação. Essa é a forma como O POVO age e como continuará a agir.