O estilo Roberto Claudio de fazer políticaNas conversas com vereadores, Roberto Claudio (PSB) deu indicações de como deverá conduzir sua articulação política na Prefeitura de Fortaleza. A sinalização é de mudança radical em relação à era Luizianne Lins (PT). “Não vai ter Catanho no meu governo”, chegou a afirmar o prefeito eleito, segundo relato de um dos parlamentares. Waldemir Catanho foi a personificação do modo de fazer política de Luizianne. Ele era o negociador, o emissário e o porta-voz da prefeita nessa relação. Seu braço direito, homem de confiança e executor das missões partidárias. Roberto Claudio, por sua vez, demonstra intenção de estar ele próprio à frente dos entendimentos com sua base de apoio. Evidentemente, terá suporte de articuladores designados para tal. Não dá para o prefeito resolver toda pinimba com a Câmara Municipal. Mas não terá ninguém com tantos poderes quanto foi Catanho. Não haverá um operador político que seja a encarnação do prefeito. Os próprios encontros mantidos com quase 40 dos vereadores eleitos são, de certa forma, demonstração desse estilo. Não houve emissários ou sondagens prévias: ele próprio assumiu a linha de frente. Essa forma de relacionamento com a base não é novidade. No começo de seu governo, Lula tinha José Dirceu como, mal comparando, o seu Catanho – especificamente quanto a ser o responsável pelas articulações. Já a partir do segundo ano, sucederam-se seis outros ministros na função: Aldo Rebelo, Jaques Wagner, Tarso Genro, Walfrido dos Mares Guia, José Múcio e Alexandre Padilha. Quase um para cada ano de governo. A função se tornou a mais instável da Esplanada, enquanto o próprio presidente passou a incorporar cada vez mais atribuições na interlocução com aliados. Instabilidade que, aliás, mantém-se com Dilma Rousseff – Ideli Salvatti é a segunda a ocupar a pasta, antes de o segundo ano de governo estar completo. No Ceará, o governador Cid Gomes (PSB) também optou por centralizar mais em suas mãos a articulação política, ao extinguir a antiga Secretaria de Governo. E o fez, principalmente, desde a saída de Ivo Gomes (PSB) de sua chefia de gabinete, em junho passado.
RELAÇÃO COM A BASE
Também nas conversas com vereadores, Roberto Claudio disse que pretende prestigiar e atender as demandas dos parlamentares, mas em “outro formato”. Pelo menos no diálogo mantido até agora, ele tem sinalizado que não negociará apoio em troca de indicações para cargos comissionados e terceirizados. Porém, deverá contemplar os pleitos dos aliados, com ações de governo voltadas para as bases. Por exemplo, aqueles que optarem por serem vereadores de bairro terão demandas atendidas nesses locais. A ideia é, além de garantir apoio na Câmara, usar o conhecimento que o parlamentar possui da realidade do lugar como um dos parâmetros para a execução das ações.