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Terça, 30 Outubro 2012 07:01

Coluna Política

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  A primeira mudança Embora não sejam desprezíveis as semelhanças de método entre PT e PSB, são também enormes as diferenças. Nas negociações que irão se intensificar nos próximos dias, já ficará claro um dos principais contrastes políticos entre a era Luizianne Lins (PT) e a futura gestão Roberto Cláudio (PSB): a relação com os aliados. Já na noite em que foi escolhido candidato, em junho, o agora prefeito eleito dizia que buscaria replicar no Município o modelo adotado por Cid Gomes (PSB) no Estado. E poucos aspectos distinguem tanto o Governo e a atual Prefeitura como a articulação política. Ambas as administrações possuem gigantescas bases de apoio. Mas a forma de entendimento tem lá suas diferenças. Na montagem de seu primeiro secretariado, Luizianne manteve os principais cargos com seu próprio grupo e delegou algumas áreas a outras alas do PT. Sérgio Novais (PSB), único apoiador desde o começo da campanha, também foi contemplado de forma generosa. Aos demais aliados, sobraram secretarias regionais, cuja autonomia foi se tornando gradualmente menor. Com o tempo, acomodações transformaram a composição do primeiro escalão. Mas nunca a ponto de dar aos apoiadores espaços lá de muita relevância. Os Ferreira Gomes, por exemplo, não tinham ninguém indicado por eles. Até houve tentativa de colocar o vereador Elpídio Nogueira (PSB) no Instituto José Frota (IJF), mas a intenção esbarrou em impedimentos legais. O PMDB tinha a Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), mas, antes que Fernando Bezerra se afastasse, passou meses dizendo que não se sentia contemplado por ele. Também comandava a Secretaria do Turismo, mas Patrícia Aguiar se afastou meses antes do prazo exigido por lei para cuidar de sua candidatura a prefeita de Tauá. O PCdoB sempre teve tratamento mais rigoroso nesse aspecto. Ficou com a Regional I no primeiro mandato e, no segundo, ganhou a pasta dos Esportes e o Procon. Também ex-aliado influente, o ex-vice-prefeito Tin Gomes (PHS) chegou a assumir a Regional VI. Mas, desde que saiu para virar deputado estadual, em 2010, não estava contemplado no primeiro escalão. Nas outras esferas de poder – sobretudo nos terceirizados – a Prefeitura era bem mais dadivosa. Em particular com a bancada de vereadores. Mas o modo, digamos, sovina de distribuir secretarias – para os padrões médios das parcerias que envolvem as forças citadas, bem como tantas outras – contribuiu para a facilidade como a aliança municipal se desfez. O estilo Cid Gomes, que Roberto Cláudio promete reproduzir, é a antítese desse modus operandi. A receita do governador para construir maiorias e formar coalizões é contemplar como benevolência aqueles a quem deseja atrair. Do DEM ao Psol, todos já receberam acenos de Cid para participar do governo. Só o último recusou. É verdade que as principais decisões são tomadas mesmo é por um núcleo bastante restrito. Mas os demais fazem parte. Ou sentem que participam, pelo menos. Como foi na própria reunião que indicou Roberto Cláudio candidato. Cid promoveu reunião entre todos os aliados, mas a decisão tinha cartas marcadas. Se o novo prefeito reproduzir apenas uma fração do estilo Cid, Fortaleza terá equipe de governo muito mais plural e diversa - ou fatiada, como se preferir. De qualquer jeito, a presença partidária no secretariado será bem mais intensa. Sobretudo considerando os muitos compromissos firmados - PMDB, PP, PHS, DEM, PCdoB, só para ficar nos mais relevantes. SUPREMACIA SEM PRECEDENTESO poder que o grupo do governador Cid Gomes passa a acumular com a eleição de Roberto Cláudio é sem precedentes desde a redemocratização. E ultrapassa o ápice da hegemonia da era Tasso Jereissati (PSDB). Houve apenas breve intervalo de pouco mais de um ano no qual o chamado grupo do Cambeba acumulou o Governo do Estado e a Prefeitura de Fortaleza. Foi entre 1989 e 1990, quando Tasso era governador e Ciro Gomes passava curta temporada como prefeito. Mas, àquela altura, o mudancismo era ainda ciclo que se iniciava, que tinha minoria no Poder Legislativo, era fortemente contestado. E eles ainda atravessavam momento de instabilidade, em plena mudança do PMDB para o PSDB. Quando o Cambeba estava estabelecido como força hegemônica, jamais conseguiu recuperar Fortaleza. Situação bem diferente da que atualmente o governador Cid Gomes atravessa. E SE NÃO FOSSE O ELMANO?A interrogação permanecerá nas cabeças petistas pelos próximos quatro anos, pelo menos. E nunca se conhecerá a resposta. Se o candidato fosse outro, o resultado poderia ser diferente? Impossível saber com certeza. Mas é muito provável que não. A grande arma de Elmano de Freitas (PT) foi se atrelar à gestão Luizianne Lins. Assim, conseguiu reverter boa parte da rejeição. Sem isso, seria improvável que qualquer petista chegasse mesmo ao 2º turno. Estivesse na disputa, por exemplo, Artur Bruno, ele não teria o mesmo nível de compromisso com a defesa da gestão. Poderia defender alguns pontos e até criticar outros. Assim, pouco ajudaria na recuperação da imagem da administração, mas não se livraria dos ataques dos adversários. Como bem resumiu um petista, ao lançar Elmano, Luizianne optou, de certa forma, por ser ela própria a candidata. Ela se colocou na vitrine. Em fins de ciclos políticos desgastados, são recorrentes os exemplos de candidatos de continuidade que tentam se apresentar como mudança ou novidade. Como regra, dão com os burros n’água. Com Elmano, é bem verdade, a estratégia igualmente naufragou. Mas ele chegou bem mais perto da vitória do que a maioria dos casos similares.
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