QUEM GANHAÉ óbvio que o resultado do Ibope é excelente para Moroni. Até pelo fato de que ele não costuma sofrer grandes quedas em suas campanhas. Nas derrotas em que sofreu, sempre se manteve razoavelmente estável. De todo modo, não está garantido no segundo turno. A pesquisa é muito boa para Renato Roseno (Psol), inclusive pelo simbolismo de alcançar dois dígitos. Complicado para ele será crescer com o ínfimo tempo no horário eleitoral. Roberto Cláudio (PSB) também aparece bem. Em parte pelo resultado em si. Embora dentro da margem de erro máxima, ele alcança o dobro do percentual de Elmano de Freitas (PT), o outro único candidato com estrutura similar. Além disso, também dentro da margem de erro, aparece acima de Marcos Cals (PSDB), invertendo posição observada na pesquisa O POVO/Datafolha. Mas o resultado de Roberto Cláudio é bom, sobretudo, pela perspectiva. Com mais estrutura e maior tempo no horário eleitoral, a tendência natural é de um salto quando começar a campanha no rádio e na televisão. Para Heitor Férrer (PDT), o resultado é bom sobretudo pela baixa rejeição. QUEM PERDEA pesquisa, porém, não é boa para Marcos Cals. Ele aparece no mesmo patamar do Datafolha, que já não era bom. Mas, pior, vê Roseno descolar e Roberto Cláudio ficar á frente, ainda que tudo na margem de erro. E é negativa, sobretudo, para Elmano de Freitas (PT). Com quase um mês de campanha, era de se esperar que o candidato da máquina municipal e federal estivesse um pouco acima. Não pode ser ainda ministrada a missa de corpo presente da candidatura. Mas o começo não é animador. Nem tanto pelo desempenho em si. Mas, principalmente, pelo impacto simbólico da pesquisa. Até porque só devem haver novas consultas quando entrarem o rádio e a televisão na campanha. Nesse cenário, Elmano também deverá inevitavelmente crescer. A questão é se será capaz de recuperar o atraso.
ELEIÇÃO NÃO É LINEARDesde que se formou o conglomerado eleitoral entre PSB, PT e PMDB, as eleições municipais e estaduais tiveram trajetórias relativamente lineares. Quem tinha o apoio dessa frente geralmente largou atrás, teve crescimento contínuo e acabou vitorioso. Essa última impressão às vezes entorpece as percepções e análises. As pessoas costumam tratar eleição como processo contínuo e as tendências como definitivas. Mas basta recuar um pouquinho no tempo para perceber que não é assim. Desde a noite de segunda-feira, há gente que dá como certo o segundo turno entre Moroni e Roberto Cláudio. Segundo esse ponto de vista, o candidato do DEM já estaria garantido. Além disso, Inácio Arruda (PCdoB) e Heitor estariam estagnados, enquanto Renato Roseno não teria fôlego para crescer. Com o tempo no horário eleitoral, o caminho estaria aberto para o candidato do PSB avançar. A tese é plausível, mas nada está decidido. Vale lembrar que, em 2000, Patrícia Saboya chegou a ter 36% das intenções de voto, contra 22% do segundo colocado. No fim, ela terminou na quarta colocação. Em 2004, demonstração do caráter não linear na disputa: Antonio Cambraia largou em terceiro. Cresceu muito, assumiu a liderança, depois caiu e terminou em quarto. NA SAÚDE, ROBERTO CLÁUDIO PROMETE LINHA OPOSTA À DE CIDAlgumas das mais interessantes ações planejadas pelo governo Cid Gomes são na área de saúde. E seu candidato a prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PSB), cita tal área como prioridade. No entanto, o postulante à Prefeitura anuncia que, se eleito, agirá de forma diferente em relação ao que tem feito o governador. Roberto Cláudio promete colocar a rede que já existe para funcionar bem antes de instalar novas unidades. O que, a propósito, é bastante razoável. Mas não é o que faz Cid Gomes. O Estado constrói hospitais, policlínicas e unidades de pronto atendimento (UPAs). Enquanto isso, o Hospital de Messejana e o Hospital Geral estão abarrotados e operam acima da capacidade.