Alçado de quase desconhecido a prefeito após três meses, Roberto Cláudio (PDT) terá adversários com tempo menor para romper barreira do anonimato em 2016. Sancionada nesta semana, minirreforma eleitoral reduziu de 90 para 45 dias o tempo de campanha eleitoral. A medida altera profundamente cenário eleitoral histórico do Ceará, Estado acostumado com o surgimento de candidatos “revelação”.
Caso de RC não é isolado. Desde a redemocratização, o cearense viu várias “viradas de mesa” nos meses de campanha. Em 2014, Camilo Santana (PT) iniciou disputa com apenas 5% das intenções de voto, contra 40% de Eunício Oliveira (PMDB). Com 45 dias de disputa – marca de onde começaria a campanha pela nova regra –, o petista seguia atrás com 31%.
Cenários semelhantes se repetiram nas primeiras campanhas de Cid Gomes (2006), Luizianne Lins (2004), Antônio Cambraia (1992), Ciro Gomes (1988), Tasso Jereissati (1986) e Maria Luiza Fontenele (1985). “Para quem está no comando isso é muito bom, porque os oponentes tem pouco tempo para ir para cima”, diz o presidente do PT do Ceará, Diassis Diniz.
“Agora vai exigir um candidato que já tenha consistência, reconhecimento. Isso acaba sendo ruim para novas lideranças, que terão dificuldades”, reforça. Apesar disso, opositores que planejam disputar em 2016, como Capitão Wagner (PR), fizeram avaliação moderada da medida. “Tem pontos positivos e pontos negativos”, diz Wagner.
Ele destaca que serão reduzidos também custos de campanha. “Isso gera menos dependência financeira”. Danilo Forte (PSB), que articula candidatura de Heitor Férrer, também tem avaliação semelhante: “Custos estavam muito altos. Despesas com publicidade, principalmente em TV”.
O POVO apurou que o prefeito Roberto Cláudio avaliou a mudança como positiva para sua pré-candidatura à reeleição. Oficialmente, no entanto, o prefeito tem evitado comentar assuntos eleitorais.
Troca de partidos
Outro ponto polêmico foi criação de “janela” de trinta dias permitindo troca de legendas. “Enfraquece os partidos”, avalia Wagner. Já Danilo diz ter comemorado a aprovação, com o PSB já planejando filiações no Interior. Na Câmara de Fortaleza, ação pode provocar debandada no PMDB, PSC e partidos menores, que negociam suas permanências com formação de coligações. Situação deve ocorrer em todo o Estado.
Como a janela só vale para quem estiver no último ano de mandato, no entanto, ela não valerá para casos como Ivo Gomes (Pros), possível candidato à Prefeitura de Sobral.