Setembro costuma ser mês animado na política em geral e no Ceará, em particular. Ou é ano de eleição, quando a campanha pega fogo, ou é um dos prazos mais importantes de definição. Sempre é assim, mas este setembro tem sido particularmente intenso. Personagens da linha de frente de quase todas as principais forças mudaram de partido. As legendas ganham novo rosto, resultado de profunda transformação de cenário nacional, com reflexos locais. O anúncio da ida do clã Ferreira Gomes para o PDT – Ciro Gomes já foi e os demais integrantes, inclusive Cid Gomes e Roberto Cláudio, devem formalizar a filiação na segunda-feira – desencadeou reação em cadeia. A partir daí, outras mudanças se deram. Com exceção de PT e PSDB – até agora, pelo menos – praticamente todas as principais forças passam por transformações drásticas. E mesmo nessas legendas há adesões ou dissidências.
A ida de Cid, Ciro e Roberto Cláudio para o PDT, quando confirmada, levará à saída de Heitor Férrer, rumo ao PSB. Para o PSB também foi Danilo Forte, deputado federal, incomodado com algumas decisões da cúpula peemedebista no País e no Estado. A chegada de Danilo irritou Roberto Pessoa, que havia se filiado poucos meses antes e ameaça sair. E, no mesmo PSB, os remanescentes da chamada ala “histórica”, Sergio e Eliane Novais, também anunciaram ontem a saída.
O PMDB, além de um deputado federal a menos, deve perder parte da bancada na Capital. Além disso, promove processos para expulsar alguns membros, como o vereador Carlos Mesquita. O PT não teve até agora baixas mais significativas, mas corre risco de ficar sem Odorico Monteiro, deputado federal. O Pros minguou com a saída dos Ferreira Gomes e se reorganiza, tendo à frente o advogado criminalista Leandro Vasques, e com chances de receber Odorico. E o PSDB tem feito filiações estratégicas pelo Interior e se reorganiza na Capital.
O Psol perdeu a vereadora Toinha Rocha, fragilizando a representação parlamentar que fica com um deputado estadual e um vereador em Fortaleza. Após vários conflitos com o grupo que detém a maioria da sigla, ela anunciou a ida para a Rede Sustentabilidade.
Aliás, esse campo de centro-esquerda no espectro partidário tem passado pelas transformações mais profundas. Em parte, reflexo da crise nacional, que iniciou uma grande rearrumação nas forças políticas. Após 2016, como resultado do que sair das urnas e, principalmente, como preparativos para as imprevisíveis eleições de 2018, para as quais a atual conjuntura política em grande parte não será mais válida.
REFERÊNCIAS QUEBRADASO quadro político mutável como poucas vezes se viu provoca situação a se lamentar. Numa conjuntura em que as mudanças de sigla são regra, dois políticos que se tornaram raros exemplos de fidelidade partidária deixam as agremiações às quais foram sempre filiados. São os casos de Heitor Férrer e Sergio Novais, cada um com seus motivos.