Guálter George, editor-executivo de Conjuntura
A novela em que se transformou a mudança partidária do deputado Heitor Férrer está ficando chata. O inegável apego dele ao PDT, onde permaneceu nos últimos 28 anos mais alguns meses e uns outros dias, está levando-o a uma postura que, imagino, ameaça criar algum constrangimento para futuros novos correligionários seus do PSB. A postura de dizer que vai esperar até a última hora e, por exemplo, afirmar que uma mudança de rumo dos Ferreira Gomes ainda poderia fazê-lo permanecer onde está, não condiz com aquilo que se deve esperar de um político no qual tem sido possível manter o crédito por um comportamento público, de fato, diferenciado. Heitor permanece sendo um parlamentar cuja ação vigilante quanto ao bom uso dos recursos públicos e a falta de qualquer risco de mácula no comportamento pessoal ajuda uma sociedade descrente, como a nossa, a permanecer acreditando que a saída para os problemas ainda pode vir pela Política.
Acontece que o episódio da troca partidária que ele protagoniza não tem sido, nesse sentido, edificante. Seus movimentos de hoje procuram objetivos pessoais de uma maneira que, vistos sem o cuidado que sua história impõe, podem torná-lo injustamente semelhante a muitos outros que, próximo aos períodos de disputa, buscam legendas como quem procura abrigo para passar uma temporada. Heitor, por mais que esteja deixando de ser pedetista a contragosto, precisa também demonstrar algum apreço pelo PSB, mostrando que sua escolha considerou mais do que simplesmente um cálculo determinado pelas circunstâncias eleitorais.