talo Coriolano, editor-adjunto de Conjuntura
No momento em que o governo Dilma Rousseff “faz das tripas coração” para recompor suas relações com o Legislativo, não poderia ser mais inoportuna a frase, no mínimo desrespeitosa, do ministro Cid Gomes (Pros) em relação aos deputados federais. É de conhecimento geral que a composição política do nosso Congresso não é lá das melhores, mas chamar parlamentares de “ladrões vigaristas” ou “gatunos especialistas em conto-do-vigário” - definições do termo “achacadores”, de acordo com o dicionário Michaelis -, rompe todos os níveis de civilidade inerentes às relações entre os poderes. O atual contexto e a própria liturgia do cargo, principalmente em se tratando do comandante da área da educação do País, exigiriam outro tipo de postura por parte do ex-governador do Ceará. Nem nos tempos em que era chefe do Palácio da Abolição, quando comprou duras brigas com a oposição na Assembleia, Cid apelou para ataques do tipo. Agora, com a aprovação de sua convocação pela ampla maioria da Câmara, o ministro terá de dizer quem são os “400 ou 300 achacadores” que, segundo ele, formam o Parlamento, apresentando provas da acusação. Mais um episódio desgastante para um governo mergulhado em crise. Quando parecia que a gestão ia tomar algum fôlego, Cid vai lá e joga mais lenha na fogueira de altas labaredas. Não se esperaria isso de um político experiente como é o caso do ex-governador. Faltou certa habilidade. Faltou bom senso. Se a intenção foi defender o governo Dilma, já ficou claro que o tiro saiu pela culatra.