O governador, em foto do dia da posse (1º de janeiro): herança de pendências e novos problemas
FOTO: TATIANA FORTES
Uma gestão que começou tentando resolver pendências herdadas do poder passado foi surpreendida, nos últimos dias, pelo impacto negativo de três decisões administrativas que, juntas, formam a primeira grande crise do mandato de Camilo Santana (PT). A estrutura de governo que demora a se fechar já apresentou rupturas nas secretarias do Esporte (Sesporte) e da Segurança Pública (SSPDS). A obra do Acquario Ceará ganhou nova polêmica com o anúncio de paralisação das obras, do qual o Governo logo recuou.
LEIA TAMBÉMA síntese de uma criseReforma enfrentará resistênciasA primeira baixa do secretariado foi David Durand, deputado estadual pelo PRB nomeado secretário do Esporte. Na última sexta-feira, seu partido anunciou o pedido de exoneração, alegando esvaziamento da pasta, principalmente com a suposta transferência da administração da Arena Castelão e do Centro de Formação Olímpica (CFO) da Secretaria de Grandes Eventos para a Casa Civil.
A transferência consta em proposta de ajuste administrativo do Governo que aguarda aprovação na Assembleia Legislativa. A mudança recebeu críticas dos deputados, na quinta-feira, e culminou com a saída de Durand. Diante da crise, o Governo divulgou, ontem, nota na qual diz que Castelão e CFO “em momento algum” estavam inclusos nas transferências e serão controlados pela Sesporte.
Apesar de o PRB alegar que a gerência dos equipamentos pesou na saída, fonte ouvida pelo O POVO afirmou que partido e secretário estavam cientes de que a Sesporte receberia o Castelão e o CFO. A motivação real teria sido o cerceamento na quantidade de indicações de cargo na pasta, por isso o deputado preferiu a Assembleia, onde poderá movimentar as próprias indicações. Procurados pelo O POVO, representantes do partido e o ex-secretário não atenderam as ligações.
O desajuste no secretariado atingiu também a SSPDS. O secretário executivo da pasta, Odécio Carneiro, seria a primeira queda no grupo. Os motivos da saída não foram divulgados, e Governo e Secretaria dizem não ter informações. Porém as notícias da exoneração veiculadas na mídia local não foram negadas oficialmente.
A demissão teria acontecido no sábado, 21, mas ainda não foi publicada no Diário Oficial. O nome de Odécio Carneiro permanece no site da SSPDS. O POVO tentou contato direto com ele, mas a ligação foi transferida para a assessoria de comunicação.
Acquario Ceará
O Governo precisou também equilibrar decisões na Secretaria do Turismo. Em publicação no Diário Oficial de 13 de fevereiro, a Setur determinava a suspensão dos contratos com a empresa International Concept Management (ICM) responsável pela obra do Acquario. A paralisação das atividades gerou polêmica logo após o Carnaval e, dois dias depois, fez o Governo recuar e anunciar acordo com a empresa para retomar as obras em 10 dias.
Fontes ouvidas pelo O POVO julgaram “precipitada” a suspensão do contrato para a “auditoria” alegada pelo secretário do Turismo, Arialdo Pinho. A necessidade da análise nos pagamentos e medições da obra, conforme Arialdo, deixaram de ser necessária em menos de uma semana. O recuo, avaliam pessoas próximas ao Governo, pode ter sido resultado de desagrado dentro da gestão.
Saiba mais
O POVO divulgou, ontem dados que mostram o mês de janeiro como o mais violento desde março passado. O secretário-adjunto da SSPDS, Lauro Prado, avaliou os dados como resultado da incerteza provocada pela mudança de cúpula na pasta.
Segundo Arialdo Pinho, na última sexta, foi acordado com a ICM o pagamento de US$12 milhões nos próximos três meses. O valor é o que falta da contrapartida do Governo, que é responsável por US$ 45 milhões do orçamento de US$ 150 milhões (os demais US$ 105 milhões serão pagos pelo Exim Bank, banco norte-americano). Contudo, o Governo fará o pagamento antes de receber a obra concluída.
O secretário do Turismo afirmou que o contrato com a ICM deve ser reestabelecido nas próximas semanas. Apesar de circular nos bastidores que a relação entre Arialdo e o ex-secretário Bismarck Maia não é das mais amigáveis, o atual secretário diz que a imprensa tenta criar animosidade.
Sobre o enxugamento da folha, o líder do Governo, deputado Evandro Leitão (PP), garantiu “custo zero da reforma, sem adicional.