A mudança do PMDB para a oposição a Roberto Cláudio (Pros) criará nova correlação de forças na política fortalezense. Anunciado pelo vice-prefeito Gaudêncio Lucena (PMDB), o novo cenário reúne dois dos três maiores partidos do Estado – PMDB e PT – na oposição ao Pros. Coligadas com o peemedebista Eunício Oliveira, outras legendas ainda vão avaliar se seguirão para a oposição na Câmara.
Em entrevista ao O POVO, Gaudêncio afirmou que reunirá a Executiva do PMDB para definir a postura do partido diante da gestão municipal. O encontro não tem data definida. Segundo ele - que não esconde preferência por fazer oposição ao prefeito - a legenda cobrará obediência ao que for definido pelo grupo.
“Será o que o PMDB definir. O mandato é do partido, o vereador o integra, e isso é decisão já consagrada na Justiça. Se houver tentativa de cooptar vereadores, vamos reagir”, disse Gaudêncio na última terça-feira.
Procurados pelo O POVO, três dos quatro vereadores do PMDB na Capital afirmaram que seguirão o que for decidido pelo partido. Com grande influência sobre os demais vereadores e poder para controlar a pauta de votações do Legislativo, o presidente da Câmara Walter Cavalcante (PMDB) evitou comentar repercussões de uma mudança sua para a oposição a RC.
“Não vou entrar em polêmica, mas estou com o Eunício e o PMDB e vou seguir o que for determinado”, disse. Presidente do PMDB em Fortaleza, Walter destaca Gaudêncio e Eunício como “condutores” do partido na Capital. Posição semelhante foi externada pela vereadora Magaly Marques (PMDB).
Desentendimentos entre Pros e PMDB municipal ocorreram após Roberto Cláudio demitir, na noite de terça-feira, dois secretários do partido. Na ocasião, Gaudêncio criticou a ação, que classifica como tentativa de cooptar apoios a Camilo Santana (PT) na sucessão estadual.
Mais incisivo, Vitor Valim (PMDB) chamou as demissões de “infantis”, defendeu que o partido saia da base e rebateu críticas de RC a Eunício. “Se o Eunício quisesse enriquecer em cima da violência, bastava ele apoiar o candidato do Cid. (...) Vou seguir o que o partido definir, mas defendo a independência”, disse. O POVO procurou Carlos Mesquita (PMDB), mas não conseguiu entrar em contato
Aliado de Eunício, Ziêr Férrer (PMN) afirmou que seguirá o PMDB em Fortaleza. Hoje, fazem oposição a RC quatro vereadores do PT, dois do Psol e um do PR. Com as adesões, oposicionistas chegam a pelo menos doze votos.
Como pode ficar a oposição em Fortaleza
1. Como é a oposição a RC na Câmara hoje
Formada pelos petistas Guilherme Sampaio, Ronivaldo Maia, Deodato Ramalho e Acrísio Sena - aliados de Luizianne Lins em 2012 - e pelos vereadores João Alfredo (Psol), Toinha Rocha (Psol) e Capitão Wagner (PR). Mesmo com poucos votos, grupo é caracterizado por diversos “vereadores de tribuna”, que frequentemente fazem discursos críticos à gestão.
2. Como fica oposição com adesão do PMDB
Com adesão de Walter Cavalcante (foto), Magaly Marques, Vitor Valim e Carlos Mesquita, a oposição vai a 11 integrantes. Além disso, a presença de Walter, presidente da Casa, dá poder ao grupo para controlar a pauta de votações. Adesão de Valim e Mesquita, conhecidos pela oratória apurada, complicam a vida da base do prefeito.
3. Se o bloco de Eunício for para a oposição
Coligados com Eunício na disputa estadual, PSDC, PTN, DEM e PSC somam outros nove vereadores. Além disso, o senador possui outros aliados na Casa. Juntos, poderiam ter até maioria na Casa. Apesar disso, o único que admite seguir decisão do PMDB é Ziêr Férrer (PMN). Presidente do PSC, Wellington Saboia (foto) rejeita mudar de lado.
Saiba mais
Presidente do PSC no Ceará, Wellington Saboia rebateu informação da assessoria de Camilo Santana (PT) de que estaria apoiando o petista na eleição. Ele reforça que, apesar de estar na base de RC, apoia Eunício.
Infidelidade. Caso o PMDB decida ir para a oposição, a legenda pode pedir ao TRE-CE - segundo resolução do TSE 22.610/2007 - abertura de processo de perda de cargo e até de expulsão da legenda para vereadores que não respeitem a determinação partidária.