Você está aqui: Início Últimas Notícias Lideranças apontam os desafios da assistência técnica na agropecuária cearense
O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Inácio Parente, chamou atenção que somente 10% das propriedades rurais no Ceará recebem assistência técnica rural. “Fica aí 90% das propriedades rurais do Ceará a descoberto desse direito previsto na Constituição Federal. A assistência técnica e extensão rural é um direito e obrigação do Estado, coisa que no Ceará anda meio capenga, apesar dos esforços da própria Ematerce”, pontuou.
Parente ressaltou ainda que a assistência técnica funciona também como ferramenta de retenção do homem no meio rural e evita o êxodo rural. “É bom que se questione: e fora da porteira? Como está a vida do agricultor? É preciso assistência técnica não só in loco, lá na fazenda, mas no pós-venda. É preciso que se tenha acompanhamento. Cadê o beneficiamento da produção excedente, que muitas vezes o produtor tem que jogar fora?”, questionou.
Para o assessor da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (Fetraece), Vicente Júnior, a carência de assistência técnica rural no Ceará se deve à falta de continuidade de políticas públicas que existiam no passado e agora não existem mais. Por não terem terra, explica Vicente, os agricultores que produzem exclusivamente para subsistência ainda dependem dos programas sociais para complementar a renda. “E a assistência técnica tem um papel muito importante nesse processo de empoderamento dessas pessoas, para que eles possam acessar outras políticas públicas que vão além do crédito”, assinalou.
O agricultor Antônio Rodrigues de Amorim, presidente Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), informou que até 1º de março, o órgão deve chamar 263 pessoas que passaram em concurso público e que vão atuar nas várias áreas de assistência técnica. Amorim também assinalou que, hoje, a assistência técnica vai muito além da propriedade e que existem muitos outros meios para levar a informação até o agricultor.
“A cada momento, nós precisamos estar mais atentos às novas tecnologias, ao uso delas e aos benefícios que elas trazem ao agricultor. Você pode ser o melhor técnico da história, mas se o agricultor não tiver os incrementos tecnológicos que possam ajudá-lo a fazer o seu trabalho, ele vai ter muita dificuldade de ter os avanços e melhoramentos dos processos produtivos. E é para isso que a assistência técnica existe, seja no combate às pragas ou na melhoria dos nossos solos”, avaliou.
O deputado estadual Moisés Braz (PT), por sua vez, destacou a importância da agricultura familiar na geração de empregos, produção de alimentos e na preservação ambiental. Por outro lado, alertou que grande parte da produção de alimentos no Ceará é feita por trabalhadores que não têm propriedade para produzir. Segundo ele, é grande o número de trabalhadores da agropecuária que trabalham em regime de terceirização, e há, por parte dos agentes financeiros, uma certa resistência para conceder empréstimos aos agricultores que não possuem propriedade.
“A gente compreende que é preciso avançar nessa linha de crédito junto ao Banco do Brasil, Banco do Nordeste e outros agentes financeiros para garantir o acesso ao mercado. Também temos que entender que o mercado hoje é muito exigente. Nós temos que ter qualidade, quantidade e rotatividade, e isso só se faz com financiamento”, defendeu Moisés Braz.
Mediado pelo jornalista Ruy Lima e coordenado pelo Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da AL, o programa “Grandes Debates – Parlamento Protagonista” é exibido mensalmente pela TV Assembleia (canal 31.1), FM Assembleia (96,7MHz) e mídias sociais do Poder Legislativo e conta sempre com a participação de especialistas em temas diversos da atualidade.
BD/CG