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Segunda, 29 Novembro 2021 14:37

Lideranças debatem violência política contra as mulheres em encontro na AL

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Lideranças debatem violência política contra as mulheres em encontro na AL Foto José Leomar
O I Encontro Estadual de Mulheres na Política foi aberto na manhã desta segunda-feira (29/11), na Assembleia Legislativa. A procuradora Especial da Mulher, deputada Augusta Brito (PCdoB), disse que o principal objetivo do evento é reunir representantes políticas do País para a troca de experiências e discutir a questão da violência política contra as mulheres. O encontro é uma promoção da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e acontece durante todo o dia de hoje no auditório do anexo II da Casa.

Segundo a parlamentar, em agosto, foi sancionada pelo Governo Federal lei que estabelece normas para a prevenção, repressão e combate à violência política contra a mulher. “Nós precisamos discutir e aprofundar realmente o que é essa violência política contra a mulher e como ela se apresenta. Sabendo como é, nós podemos nos utilizar dessa lei para fortalecer o nosso movimento e ocupar os espaços de poder devidamente, como deve ocorrer”, apontou.
Durante o dia, serão realizadas cinco mesas de debate. Na primeira mesa, que teve como tema “Violência Política Contra a Mulher”, participaram a ex-deputada federal e jornalista Manuela D'Ávila e a deputada estadual Isa Penna (Psol/SP).

Manuela D'Ávila salientou que, quando uma representante pública sofre um episódio de violência política, representado pela tentativa de se deslegitimar o seu papel político por conta do seu gênero, muitas mulheres se sentem desencorajadas a ocupar esses espaços.

“Os episódios fazem a gente pensar que é algo contra uma de nós, só que eles atacam uma de nós criando um sistema de generalização, fazendo com que todas as outras se intimidem de serem expostas àquela violência. As mulheres comuns pensam: como eu vou entrar na política, se a Manuela tá ouvindo isso?”, refletiu Manuela D'Ávila.

Ainda de acordo com ela, trata-se de um mecanismo adotado que visa inibir a participação feminina no geral e fazer com que as mulheres não levantem a voz contra o sistema e uma sociedade que exclui as mulheres, não só da política. “O problema não é a gente não estar na política. O problema é o que significa para o País nós não estarmos na política, porque, quando nós estamos, nós levantamos a voz contra um País que faz com que mais de 50% das mulheres mães de crianças de até três anos não trabalhem, porque o Estado não assume a assistência dessas crianças”, assinalou.

Em sua participação, a deputada estadual Isa Penna comentou sobre o episódio de assédio que ela sofreu por parte um colega parlamentar no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), em dezembro de 2020.

Ela relatou que, naquele dia, foi assediada por diversos parlamentares, em razão de um vídeo seu que estava circulando nos celulares de várias pessoas.
“Naquele momento, eu tive que fazer uma escolha muito séria, uma escolha de sobrevivência, que ia me doer muito, que era ir para a guerra, andar para a frente, mesmo estando muito machucada com o que estava ao redor”, pontuou a deputada estadual.

Isa Penna ressaltou que, mesmo com todos os percalços que teve que lidar após um ano do ocorrido, valeu o esforço de lutar contra o que aconteceu. “Valeu a pena tudo isso, porque, depois, a quantidade de mulheres que olhou para o meu caso, para a guerra que eu optei fazer, e decidiu se aliar a essa luta foi muito impactante”, reforçou.

A segunda mesa realizada teve como tema “Participação da Mulher na Política no Interior do Ceará: Desafios e Perspectivas”, tendo a mediação da deputada Érika Amorim (PSD) e contando com a participação da deputada Aderlânia Noronha (SD); da prefeita de Quiterianópolis, Priscilla Barreto, e da vereadora de Milagres Michelyane Alves.

Para Érika Amorim, o encontro estimula a participação feminina e fomenta o debate sobre a compreensão dos desafios de aumentar a representatividade das mulheres nos espaços de poder. “Muitas mulheres têm vontade, mas muitas vezes não se sentem acolhidas, empoderadas e estimuladas pelos partidos para estabelecerem de fato um mandato. Muitas conseguem, mas ainda temos pouquíssimas presidentes de partido, por exemplo”, registrou.

Na avaliação da deputada Aderlânia Noronha, os desafios de ser um gestor  ou representante público em cidades pequenas, de poucos recursos, são enormes, ainda mais para as mulheres. “Eu conheço o desafio que cada vereador teve que passar para ser candidato, depois para passar por uma campanha até a eleição. Não é um caminho fácil, não só durante a campanha, mas durante todo o percurso de mandato”, reconheceu.

A parlamentar também lamentou que sejam poucas as vereadoras nas câmaras municipais do Estado. “O número de vereadoras é muito pequeno, já que temos cidades com apenas uma representante feminina. E acredito que, com a participação da mulher na política, nós podemos mudar muita coisa, pela sensibilidade de entender as necessidades desse segmento”, reforçou.

Priscilla Barreto destacou ter sido a primeira prefeita mulher do município de Quiterianópolis, lamentando que toda mulher já inicia a sua trajetória política, seja em uma cidade maior ou menor, sendo vista com desconfiança.

“É necessário trabalhar dobrado para mostrar que, além de eleitas, nós somos competentes, precisando demonstrar isso ao longo de todo o processo, em que precisamos mostrar que somos a liderança e que é o nosso trabalho que legitima essa liderança, por meio das nossas ações”, enfatizou Priscilla Barreto.

Já Michelyane Alves considerou o momento como valioso para a troca de ideias, compartilhamento de experiências e fortalecimento do movimento político feminino no Estado.

Participaram ainda do encontro, durante esta manhã, a coordenadora do Núcleo de Mediação e Gestão de Conflitos da Assembleia Legislativa, Juliana Holanda; a presidente da Câmara Municipal de Fortim, Kath Anne Meira; a coordenadora da Procuradoria Especial da Mulher da AL, Raquel Andrade; a presidente de honra do Movimento das Mulheres do Legislativo Cearense, Meire Costa; a secretária de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Governo do Estado, Socorro França; a secretária-executiva de Políticas para as Mulheres do Ceará, Denise Aguiar; o presidente da União dos Vereadores do Ceará (UVC), Toim Braga Abençoado, entre outras autoridades.

PROGRAMAÇÃO

Ao longo do dia acontecem ainda mais três mesas de debate para discutir os seguintes temas: “Cotas de Gênero e Raciais nas Eleições de 2022”, com a participação da coordenadora da Procuradoria Especial da Mulher na AL, Raquel Andrade; a covereadora pela Mandata Coletiva Nossa Cara, Louise Santana e a desembargadora e juíza eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Kamille Castro;  “Pobreza Menstrual”, com a prefeita de Paraipaba, Ariana Aquino; a secretária da Fazendo do Estado, Fernanda Pacobahyba, e a deputada federal Marília Arraes (PT/PE), e “Marketing Político para Mulheres”, com a presidente da Câmara Municipal de Fortim, Kath Anne; especialista em marketing político, a jornalista Adriana Saboya, e a professora mestra em Comunicação Social Zoralde Nunes.

RG/CG      

 

Informações adicionais

  • Fonte: Agência de Notícias da Assembleia Legislativa
  • E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
  • Twitter: @Assembleia_CE
Lido 957 vezes Última modificação em Quarta, 01 Dezembro 2021 14:41

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