Você está aqui: Início Últimas Notícias Sistemas de drenagem são temas de Seminário do Pacto pelo Saneamento
A coordenadora técnica do Pacto pelo Saneamento, Rosana Garjulli, assinalou que, após a realização dos seminários, a pretensão do Conselho é elaborar projetos estratégicos no eixo sistema de drenagem. Ela informou sobre a atuação do pacto, lembrando que em 2019 os deputados demandaram a construção de um pacto pelo saneamento básico como uma das questões mais importantes do Estado. Para Rosana, a ausência do novo marco legal do saneamento e a pandemia tornaram ainda mais relevante a iniciativa.
Os debates foram moderados pela professora Gilcenara Oliveira, do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade de Fortaleza (Unifor). O professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), Suetônio Mota, um dos palestrantes da manhã, abordou as “Experiências Exitosas na Educação Ambiental para o Sistema de Drenagem”. Ele ressaltou a relevância que tem a questão da drenagem urbana. “É uma área que merece ser tratada com atenção por parte de profissionais do setor e gestores públicos, devido aos problemas que as cidades brasileiras vêm enfrentando como consequência da drenagem, nem sempre feita de acordo com que a natureza.”
O docente destacou problemas, como a urbanização, que causa muitas modificações no meio ambiente. Isso reflete, segundo ele, impacto nos sistemas de drenagem, que podem ser observados em cidades como Fortaleza e São Paulo - onde com altas ou até médias precipitações já ocorrem problemas. “Isso é consequência de uma ação nossa, seres humanos, nem sempre considerando que os recursos hídricos fazem parte de um todo e compõem bacia hidrográfica”, disse.
Entre outros problemas, Suetônio Mota citou as ocupações de margens de rios e lagoas, muitas vezes com construções, abertura de avenidas para melhorar o fluxo de veículos, desmatamento e a impermeabilização dos solos, além de ser feita a canalização dos cursos d'água,aterramento de áreas de cheias, escavações. “Tudo isso reflete, causando mudanças no esfriamento, ou seja, na drenagem das águas”, salientou.
Para o professor, a população deve contribuir e fazer a sua parte em relação aos problemas causados nas grandes cidades. E destacoua necessidade de observação da legislação vigente, respeitando, o máximo possível, a drenagem natural das águas, destinação adequadados resíduos sólidos e adoção de soluções sustentáveis para a drenagem urbana.
Ernesto Nobre, também professor titular da UFC, falou sobre a “Integração entre as Instituições e Políticas Públicas” e “Capacitação Técnica: Integração das instituições de ensino com os órgãos públicos”. Ele defendeu que a capacitaçãodeve estar ligada às instituições de ensino e à empresa que executa. “Nesses três pontos, temos o profissional, elemento importante para isso. O que precisamos fazer? Pegar essas informações e compilar, transformar num processo de integração”, opinou.
O professor acredita que é preciso olhar primeiramente para a integração dos atores, que, segundo ele, são os órgãos que detêm a concessão das 'utilities', como água, esgoto, telefone, fibra ótica, gás, energia e fibra ótica. "Para que esses serviços sejam melhorados teríamos que ter uma plataforma onde esses dados poderiam ser compartilhados com todos", acredita.
O professor adjunto da Universidade de Fortaleza (Unifor), Francisco Vieira Paiva, encerrou as palestras da manhã abordando o tema “Cadastro e Manutenção do Sistema de Drenagem”. Para ele, dentro do contexto geral de saneamento, carrega um aspecto usado de forma errada, que é lançar resíduos dentro de galerias. “Muitas vezes não se sabe a origem desses resíduos, de repente pode ter origem hospitalar. Isso pode causar dano muito grande à operacionalidade e qualidade da drenagem”, alertou.
Segundo Vieira, por não haver um cadastro para facilitar a gestão e a governança, o sistema acaba servindo como transporte de resíduos. “Muitas vezes são cadastros antigos que não atendem à realidade”.
Francisco Vieira analisou ainda que a drenagem é importante quando se tem uma rede coletora de esgoto, como também uma coleta de resíduos sólidos adequada. “Isso envolve qualidade, saúde pública e saúde básica”, destacou.
PROGRAMAÇÃO
Durante a tarde, o tema principal do seminário foi “Drenagem sustentável das águas pluviais urbanas”. Ronaldo Stefanutti, professor associado do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC, falou do tema “Aproveitamento dos Resíduos da Construção Civil (RCC) para a drenagem urbana, camadas de pavimentos e aterros em obras”. Logo após, Luiz Fernando Orsini, coordenador da Câmara Temática Drenagem Urbana e Gestão de Águas Pluviais da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), abordou “Panorama Geral dos Serviços de Drenagem Urbana”.
Juliana Alencar, doutora pela Poli/USP e pós-doutora na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em Infraestrutura Verde e Azul, apresentou “Soluções Sustentáveis para Drenagem Urbana”. Já Ricardo Daruiz Borsari, diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), ministra “Planejamento e Gestão Integrada de Drenagem Urbana”.
LS/LF/AT