Relator do Comitê, o deputado Renato Roseno (Psol) abriu o encontro lembrando que o Ceará tem a segunda maior taxa de homicídios do País. “Em relação a assassinatos de adolescentes, o Estado ocupa a primeira posição. Nem sempre foi assim. E nós precisamos saber o que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto”, disse o deputado.

A meta do Comitê, conforme o parlamentar, é ouvir as comunidades que têm grandes índices de criminalidade entre jovens e buscar alternativas para reduzir os homicídios na faixa etária de 10 a 19 anos. Segundo levantamento do Comitê, ano passado, a taxa de homicídios entre adolescentes no Vicente Pinzon alcançou 155,2 para cada 100 mil habitantes. O índice é superior ao de Fortaleza, que foi de 98,2 homicídios por 100 mil habitantes.

Durante a audiência, os participantes foram divididos em grupos de trabalho, com o objetivo de elaborar um relato sobre a situação da juventude do bairro e apontar as razões que levam à prática de homicídios.

O deputado Zé Ailton Brasil (PP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da AL, ressaltou que as sugestões dos participantes da audiência vão colaborar para melhorar a segurança pública do Ceará. “Todos os levantamentos, as pesquisas que estão sendo feitas pelo Comitê e as opiniões da comunidade serão encaminhadas ao Governo do Estado”, ressaltou Zé Ailton Brasil.

Márcio Viana, 26 anos, um dos jovens presentes à audiência pública, apontou a escassez de projetos sociais como a maior causa para a criminalidade entre os adolescentes. O jovem destacou a importância de iniciativas que incentivem a arte e a música.

Para Márcio, a falta de oportunidades leva os jovens a se envolverem em práticas delituosas. “Não tem como o jovem escolher entre o traficante que dá dinheiro e trabalho e o Poder Público, que não oferece oportunidades”, pontuou.

Felipe dos Santos, 15 anos,  aluno do 2º ano do Ensino Médio da Escola Maria Ângela Borges, aproveitou o término das aulas para participar do debate. Morador do Serviluz, afirmou que diariamente ouve falar de jovens que foram assassinados ou praticaram crimes dentro da comunidade.

Percussionista há 28 anos, Mestre Júnior Brasil idealizou o projeto Kebra Mola, com objetivo de disseminar a cultura afro-brasileira para os jovens do Morro Santa Terezinha. Criada há 17 anos, a iniciativa pretende afastar os jovens da criminalidade por meio a música. O músico lembrou que o bairro Vicente Pinzon foi instituído como primeiro território do programa Ceará Pacífico, do Governo do Estado, que tem por objetivo criar uma cultura de paz com base em políticas públicas de segurança.

A audiência contou ainda com a participação de respresentantes da Secretaria Municipal de Saúde, do programa Ceará Pacífico, da Coordenadoria de Juventude do Estado do Ceará, do Instituto Oca, Escritório Frei Tito, comunidade Raízes da Praia, e do Laboratório de Estudos da Habitação (Lehab), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e moradores do Serviluz, Mucuripe, Caça e Pesca e Morro Santa Terezinha.

LF/AP