Para o deputado Carlomano Marques, a presidente Dilma Rousseff precisa fazer um gesto de redução da máquina para estimular os brasileiros
FOTO: JOSÉ LEOMAR
O deputado Carlomano Marques (PMDB) disse ontem, em pronunciamento na Assembleia Legislativa, que os brasileiros, sobretudo o empresariado está disposto a fazer sacrifícios mas é preciso que o Governo Federal faça um gesto no sentido de fazer a sua parte.
Para o deputado, a presidente Dilma precisa tomar medidas para reduzir os gastos da máquina pública como resposta aos reclames da população brasileira manifestados nos protestos do final de semana passado. Entre as ações, ele apontou ser necessário cortes de ministérios, de cargos comissionados, além de gastos com diárias e viagens de servidores, e acabar com os cartões corporativos.
Para o deputado, a presidente precisa demonstrar com um gesto que o Governo também está se esforçando para lidar com as dificuldades econômicas. Ele afirmou que Dilma deveria fazer um pronunciamento na televisão e anunciar o corte de 19 dos 39 ministérios, além de eliminar 20 mil dos 30 mil cargos em comissão e acabar com os cartões corporativos que financiam diárias de hotéis e viagens.
"O empresário até se sacrifica e aceita pagar um imposto maior. O homem comum até aceita também, agora, é preciso que a presidenta faça um gesto. Não precisa ter 39 ministérios, 30 mil cargos comissionados, essa avalanche de cartão corporativo. Para que o industrial e os empresários se sintam confortáveis na contribuição, o governo precisa fazer sua parte", cobrou o peemedebista.
Cassados
O parlamentar considerou ser um exagero a existência de 30 mil cargos de comissão no Governo Federal, o que afirmou ser "uma verdadeira farra do boi". Apenas no Ceará, ele destacou que a Companhia Docas tem quase 50 cargos comissionados e salas com dois diretores, o que considerou ser um abuso. "O povo que sua para ganhar seu dinheiro não pode se conformar que um agente público pegue um cartão corporativo e gaste numa viagem R$ 30 mil", disse.
Carlomano ainda apontou que, desde a última eleição municipal, em 2012, mais de 400 prefeitos já foram cassados por atos de improbidade administrativa. "Ou seja, roubo", ressaltou. Na visão do parlamentar, a população que foi às ruas no último domingo não está somente contra o Governo Federal, mas contra a corrupção em todos os governos, prefeituras e nos legislativos.
O deputado Carlos Matos (PSDB) também destacou que o governo ainda não deu resposta satisfatória à população. Na avaliação do parlamentar, a resposta ficou limitada ao lançamento de um pacote de medidas para o combate à corrupção, ainda não revelado, e à realização de uma reforma política.
"Não tem nada a ver com reforma política. Tome atitude, a responsabilidade é sua, (presidente). Temos grandes administradores nacionais que não precisam de reforma política para serem sérios".
Em resposta, Elmano Freitas (PT) discordou do peessedebista e afirmou que há relação entre a corrupção e a reforma política, tendo em vista que empresas que financiaram partidos estão envolvidas na operação Lava Jato. O parlamentar ainda defendeu que, no próximo congresso do PT, seja discutida a maneira de financiamento de campanha, para não incluir doações empresariais. "Se todos os partidos aprovarem que ninguém possa receber dinheiro de empresa" , entende o petista, será dado um adiantado passo contra a corrupção.
Deputados do PMDB e do PSDB são contra a posição do PT de exclusivo financiamento público de campanha, além de outros pontos da reforma política já em discussão nas duas Casas do Congresso Nacional.