Para incentivar o aleitamento materno a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o Agosto Dourado – a cor está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite humano. Entretanto nem todas as mães conseguem produzir o alimento naturalmente na quantidade necessária e, nesse caso, é preciso recorrer a bancos de leite humano, que recebem doações de mulheres em fase de amamentação.

O problema é que a situação atual não é confortável. De acordo com a médica pediatra e coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), Rejane Santana, seria necessário triplicar o número de doadoras para que o estoque no Ceará pudesse atender toda a demanda com tranquilidade. Atualmente o material é direcionado, preferencialmente, para UTIs neonatais e bebês prematuros que estejam abaixo do peso.

Com o objetivo de incentivar as doações, tramita na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) o projeto de lei nº 486/2021, de autoria do deputado Audic Mota (MDB), que propõe a concessão de benefícios para doadoras voluntárias de leite materno no Ceará.

“Diversos estudos demonstraram que os bancos de leite humano assumem importante papel no apoio ao aleitamento materno com repercussões positivas para a mãe e a criança”, afirma o parlamentar na justificativa do projeto. Ele ressalta ainda que o Brasil é destaque internacional “por suas ações de incentivo à amamentação criadas no âmbito da saúde pública, possuindo, inclusive, a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo”.

Entre os benefícios propostos estão: prioridade no atendimento na rede de saúde pública estadual, ressalvados os casos de emergência comprovada; atendimento prioritário nas delegacias de polícia e nos locais para realização de exame de corpo de delito e inscrição gratuita em concursos públicos no âmbito do estado do Ceará.

Caso aprovado, o projeto também prevê desconto de 50% em casas de diversões ou estabelecimentos que realizam espetáculos musicais, artísticos, cinematográficos, feiras, exposições, zoológicos, pontos turísticos, parques, estádios, atividades sociais, recreativas, culturais, esportivas e quaisquer outras que proporcionem lazer, cultura e entretenimento.

Para isso, deverão ser confeccionadas carteiras de identificação das doadoras, que terão acesso ao documento caso tenham feito no mínimo seis doações de leite no período de um ano. Atualmente, o projeto aguarda apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR).

COMO DOAR

Rejane Santana, do HGCC, explica que “qualquer mãe que amamenta pode ser doadora, desde que esteja saudável e não tome medicamento que possa interferir na amamentação”. Para se cadastrar, também é necessário o envio de exames que comprovem o bom estado de saúde.

Segundo a coordenadora, não é necessário que a mulher produza muito leite para fazer a doação. “O pouco que ela doa é suficiente. Por exemplo, se ela doar um frasco de 150ml ou 200ml, que é um frasco pequeno, pode chegar a manter uma UTI (neonatal) toda, porque algumas crianças tomam 1 ml ou 2 ml a cada mamada”, informa.

A própria doadora pode fazer a coleta do leite aos poucos, acondicionando-o por no máximo sete dias no congelador. Depois, uma equipe técnica busca o material em domicílio. Ao ser recebido no banco, o leite passa por vários controles de qualidade antes de ser direcionado aos receptores. “Esse leite evita (que os bebês tenham) uma série de doenças e diminui o tempo de internamento”, comenta.

A mulher interessada em fazer a doação deve entrar em contato com o centro de referência no Ceará, que é o Banco de Leite Humano do Hospital Geral Dr. César Cals. Mais informações sobre o tema podem ser obtidas na página da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH-Brasil).

Serviço - Banco de Leite Humano do Hospital Geral Dr. César Cals

Endereço: Av. Imperador, 545 Centro, Fortaleza/CE

Telefone: (85) 3101 7821

Confira no site da Rede Global de Bancos de Leite Humano a lista de bancos de leite humano e postos de coleta no Ceará ou baixe o aquivo em PDF.

GE/CG