Você está aqui: Início Últimas Notícias Conecta Ceará informa sobre transtorno do espectro autista em webinar
Segundo a líder do Comitê de Responsabilidade Social da Alece e primeira-dama da Casa, Cristiane Leitão, o Conecta Ceará é um projeto para levar informação e formação a todos os servidores da Casa e aos municípios cearenses. “É importante que toda a sociedade cearense abra seu coração e seus braços para receber esses seres tão especiais, que precisam ser respeitados e acolhidos em nossa sociedade”, ressaltou.
O médico pediatra Sulivan Mota, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e presidente do Instituto da Primeira Infância (Iprede), destacou o trabalho desenvolvido pelo Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil (Ciadi) da Alece, pontuando que o Ciadi, assim como o Iprede, busca realizar um atendimento humanístico e de qualidade.
Sulivan informou que o Conecta, unidade do Iprede voltada para a assistência à criança com TEA, ampliou o atendimento de 180 para 600 crianças autistas. “Embora seja um número elevado, a gente não chega a 10% da lista de espera em Fortaleza para a primeira consulta, que ultrapassa 7 mil pelo SUS. A gente fica preocupado, porque a demanda é cada vez maior”, comentou.
Sullivan também ressaltou pesquisa do Conecta na qual foram identificadas 22 proteínas desconhecidas que são específicas do autismo. “Estudamos um proteoma na saliva de uma criança. Agora vamos estudar o sangue do cordão umbilical do recém-nascido”, adiantou. Ele projeta que, em médio prazo, será possível obter diagnóstico do autismo através do teste do pezinho. “Aí, sim, vamos ter uma intervenção realmente precoce, o que é fantástico”, celebrou.
DIAGNÓSTICO
De acordo com o pediatra, os sinais do autismo são subjetivos e de difícil identificação. Ele frisou que quanto mais precocemente for realizada a intervenção na criança autista, sobretudo com profissionais da psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, melhores serão os resultados apresentados.
Ele aponta que, por se tratar de um transtorno ligado ao desenvolvimento da criança e, portanto, ligado ao comportamento, é necessário um certo tempo para dar o diagnóstico. O autismo, conforme Sulivan, possui características múltiplas e não segue uma regra. “Em algumas crianças, os sintomas aparecem logo após os primeiros meses, mas na maioria dos casos, no entanto, os sintomas só são identificados entre um e dois anos de idade”, afirmou.
O presidente do Iprede também apontou alguns sinais precoces que podem ser identificados em crianças autistas. Aos nove meses, por exemplo, pais devem ficar atentos a crianças que não balbuciam, não respondem quando chamadas, apresentam imitação pouca ou ausente e não olham para onde o adulto aponta. Já aos 12 meses, os sinais, segundo o médico, são: não fazer gestos como dar tchau ou apontar para o que quer, não compartilhar a atenção, preferir brincar sozinho, falar pouco ou nada.
ESTIMULAÇÃO PRECOCE
Sulivan Mota acentuou ainda a importância da estimulação do desenvolvimento por meio de uma equipe multidisciplinar, salientando que seus resultados positivos independem do grau de desenvolvimento da criança. “Só faz bem, é diferente de um medicamento cujos efeitos colaterais podem ou não estar presentes. Mas não temos condição de dar o estímulo para todos que temos certeza do autismo, imagina para os que são uma hipótese”, comentou.
Ainda conforme o pediatra, a estimulação precoce permite a expressão do sujeito criança, bem como de seus interesses e desejos. “Quando o sujeito que foi expresso manifesta seu interesse e seus desejos atendidos pela estimulação, é fantástico. Aí vêm a capacitação, a autonomia do ser humano que estão expressas naquele sujeito. É isso que a estimulação precoce busca: atender as necessidades da criança”, assinalou.
Também participaram do evento a coordenadora do Conecta Ceará, Juliana Holanda, e o diretor executivo do Instituto de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp), João Milton Cunha de Miranda.
BD/LF