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Segunda, 29 Agosto 2016 05:07

“Fortaleza precisa de soluções caseiras”, diz Tin Gomes

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Ocandidato à Prefeitura pelo PHS, Tin Gomes, afirmou em entrevista ao jornal O Estado que decidiu aceitar o desafio de concorrer a disputa com o objetivo de debater a cidade de Fortaleza, que, segundo ele, tem enfrentado a falta de valorização da periferia, desde gestões anteriores. Sem papas na língua, o humanista disse que as Secretarias Executivas Regionais perderam suas funções e, por isso, precisam passar por um enxugamento e serem dotadas de fiscais e equipamentos que possam fazer pequenos reparos nos bairros. Se eleito, Tin Gomes prometeu “igualar” o atendimento dos serviços públicos para toda cidade. Deputado estadual, Tin criticou a reforma eleitoral, que, segundo ele, privilegiou apenas os grandes partidos políticos e disse que as eleições municipais servem de laboratório para mudanças na legislação..   [O ESTADO] Como o senhor pretende expor suas propostas, em tão pouco tempo, na televisão e no rádio? Os 22 segundos disponíveis no Horário Eleitoral Gratúito serão suficientes para fazer sua mensagem chegar ao eleitor? [TIN GOMES] Primeiro, infelizmente, o Congresso trabalhou para os grandes partidos. Como eles detém o maior numero de deputados, eles aprovaram uma lei para contar o tempo de cada candidato, baseado no numero de parlamentares, que cada coligação ou partido tem. Logicamente, privilegiou os maiores partidos nesta disputa, deixando, por exemplo, eu, que mesmo coligado com quatro partidos, tenho apenas 22 segundo e 100 inserções, quando os grandes partidos ficaram com três minutos e mais de 600 inserções. Isso demonstra que para alcançar nosso objetivo será difícil. Mas, como queremos discutir Fortaleza, por ter sido três vezes vereador, vice-prefeito e secretario municipal, para ajudar no contexto. Importante que discutirmos democraticamente. Já que não teremos muito tempo e, infelizmente, reduziu pela metade as caminhadas que pudessem chegar ao eleitor, então, iremos procurar mostrar as propostas na internet e procurar trabalhar nas visitas aos bairros, com caminhadas. E ter, pelo menos, quatro caminhadas por dia, além de aproveitar os programas de governo.   [OE] Qual avaliação o senhor faz das pesquisas de intenção de voto divulgadas recentemente? [TG] Bom, avalio como boa parte como recall. Roberto Cláudio não poderia estar diferente. Ele é prefeito e está a, pelo menos, três meses em campanha. Capitão Wagner também. Ele era tido como candidato, além de ser um deputado bem votado. Luizianne foi prefeita e fez alguma coisa por Fortaleza. Além disso, tem pessoas que ainda seguem e desejam que ela volte. Heitor Ferrer foi minha surpresa, porque, não sei, se por erro de pesquisa, os dados internos ele aparece com 12% e, nessas, ele apresse com 9%. Eu e João Alfredo, nós, somos candidatos a pouco tempo e ainda não colocamos a campanha na rua. Assim, como o [Francisco] Gonzaga também. Mas, já me sinto satisfeito, inclusive, sendo lembrado na pesquisa espontânea. Agora, estranho o índice de rejeição, onde apareço com 15 e 25%. Por isso, que as vezes duvidamos das pesquisas. Mas, não estou preocupado com pesquisas. Quero, apenas, discutir Fortaleza. [As pesquisas] Só vão valer após um mês de campanha.   [OE] Qual é o principal problema de Fortaleza e como o senhor pretende resolvê-lo? [TG] Não só nesta gestão, mas em outras gestões, o problema é a pouca valorização da periferia. Acredito que, quando você iguala todos os serviços públicos, nós temos as regionais, que servem para dividir a Cidade em sete, para diminuir os espaços físicos para estes serviços públicos. O que acontece é que esses serviços públicos não estão chegando nas regionais I, IV, III, V e VI, como chegam na II. Então, ficamos preocupados porque você fica com a cidade desumana, porque quem morar nestes locais são descriminados pelos serviços. Se morar numa casa mais humilde, mas tiver uma rua pavimentada e arborizada e postos de saúde funcionando, mesmo distantes, não preciso mudar de local de moradia. O que penso é dotar a cidade de serviços iguais. As Regionais não foram idealizadas para serem cabides de empregos, por isso precisamos enxugar, mas dotar de fiscais e equipamentos que possam fazer pequenos reparos nos bairros.   [OE] Como o senhor vê a ideia de reduzir o número de secretarias? [TG] Não tem sentido. Até defendo que a Regional VI seja dividida, porque a extensão territorial dela é o dobro das outras. Isso deixará o serviço eficiente. Assim, as regionais seriam discutidas comigo, porque quero planejar as ações por igual, seguindo suas necessidades. Minha ideia, é deixar os serviços públicos iguais para todos os fortalezenses. Desta forma, teremos uma cidade mais humana e melhor de se viver. Obrigação do prefeito é tratar a cidade como todo e não por fatias.   [OE] Hoje, um dos problemas que mais aflige a população é a segurança pública. O que o senhor acha de armar a Guarda Municipal? [TG] Pretendo redimensionar a guarda municipal. Parte dela armar porque algumas ações precisam do enfrentamento. Outra parte, porém, pretendo munir de armas não letais para fiscalizar os equipamentos públicos. Além disso, pretendo ampliar o efetivo para segurança do patrimônio público e não para repressão. Mas, a minha contribuição seria de prevenção. Acredito que, com a presença da Guarda em alguns locais, iremos inibir vandalismo e agressões em escolas e hospitais.   [OE] Na área da saúde, o que mudaria em relação ao que a atual gestão vem implementando com a rede de Upas e Policlínicas? [TG] As Upas são pronto atendimento, ate poderia ser posto de saúde. Hoje, os postos não possuem nem laboratório. Primeiro, dotar os posto de saúde de laboratório, até mesmo exames de Raio X. Seria o mínimo para o atendimento rápido. Já os hospitais e postos de saúde avançados dotar de equipamentos que possam realizar exames mais elaborados, para que os médicos receitem com o devido diagnóstico. Então, é melhor ter equipamento que funcionem, do que ter vários espalhados na cidade sem funcionar. O cidadão prefere ir ao posto de saúde longe e ser bem atendido, do que ser diagnosticado erradamente. É preciso encarar a realidade. Não irei construir nenhum outro equipamento, antes dos existentes estiverem funcionando regularmente com medicamentos, segurança e corpo de saúde.   [OE] Outro tema em pauta diz respeito a regulamentação do serviço de Uber, como o senhor avalia essa possibilidade?  [TG] Começou em São Paulo, Rio (de Janeiro) e Salvador. É como começou o mototáxi, aqui em Fortaleza. Era vereador na época e fui um dos que propus a regulamentação do serviço, juntamente com o vereador Carlos Mesquita. Mas, conversamos muito. Existia uma demanda formada e já tinha se proliferado. Como gestor, não pode deixar proliferar. Se é contra, precisa fiscalizar. No momento, que vira outro equipamento, é preciso regulamentar. Por exemplo, nós, hoje, vivemos um caos na questão dos ambulantes. Existe uma feira, que ao longo dos anos foi constituída, como na Beira Mar. E, hoje, lá, já existe outros ambulantes quase formando uma nova feira. Isso é falta de controle. E deixa a cidade ingovernável. Falta ordenamento. Como cidade turística, deixa as pessoas perdidas. Então, para mim, falta este cuidado. Sendo assim, precisamos conversar com representantes dos diversos setores envolvidos, para descobrir uma maneira de agregar todos os serviços. Por enquanto, minha visão é essa, até porque não tenho dados suficientes. Eu, na verdade, defendo melhorias no transporte coletivo, como colocar ar-condicionado em toda frota e diminuir o tempo de espera e tráfego. Além disso, lutar pelo metrô.   [OE] Qual vai ser a participação do vice-prefeito, Nilton Araújo (PTdoB), em uma eventual gestão sua? [TG] Acho que o vice precisa ter uma função de secretário. Sendo prefeito, o primeiro secretário a ser nomeado será ele. No momento, que está integrado a gestão, ele se sentirá mais útil e participará da gestão.   [OE] O que o senhor vai dizer para convencer os fortalezenses a lhe darem um voto de confiança? [TG] Não quero convencer. Estou satisfeito, porque estou discutindo Fortaleza. Tenho uma experiência de 22 anos no Legislativo e Executivo. Acima de tudo, dizer que Fortaleza precisa de soluções caseiras, porque não somos uma Cidade rica em recursos para pensar só em coisas grandes. Por exemplo, precisamos encarar as drogas de frente. Tenho uma proposta de colocar o aluno em tempo integral, onde possa estudar e também praticar esporte e atividades profissionais no ambiente escolar. Desta forma, trabalho não só a educação, mas também a segurança.   [OE] A eleição para vereador parece estar bem acirrada. A disputa está no mesmo nível dos anos anteriores ou as circunstâncias deste ano, como crise política e a dificuldade de financiamento, ampliaram essas dificuldades? [TG] Outra fórmula engraçada do Congresso. A situação da campanha hoje irá derrubar a votação dos vereadores. Candidatos que, em 2012, tiveram 10 mil votos cairão para 8 mil, até mesmo pelo tempo. Irá privilegiar aqueles parlamentares que exercem mandato, porque estão na mídia. Já aqueles que querem ser pela primeira vez sairão prejudicado, porque o tempo é curto para pedir o voto. Para ser eleito, é preciso ter 10% do coeficiente eleitoral, enquanto em pleitos anteriores, teve vereador que obteve mil votos. Mais uma dificuldade. Como as eleições deste ano são laboratório, porque, quando for eleição para governador e deputado, tudo será modificado novamente. Os municipalistas sempre serviram de laboratório das reformas eleitorais.   [OE] Com a experiência de quem já foi presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, como o senhor avalia ser possível manter a independência dos poderes? [TG] Caso eleito, terá independência. Quando fui presidente da Câmara, eu tinha total independência. Sempre digo a Luizianne [Lins], que sempre ajudei 10% e ela ri com isso. As vezes, nem precisava conversar com ela. Analisava os projetos e colocava para votação, pois sabia da minha responsabilidade. Muitas vezes, os projetos foram modificados e nunca houve problemas na relação entre os Poderes. Até porque, o prefeito não esta certo o tempo inteiro. Às vezes, tem situações erradas e, por isso, é preciso apontar um alinhamento. O Legislativo é muito efervescente. As vezes, se quer mudar algo no Executivo, é preciso ter consciência que é bom para Fortaleza, apesar de ser uma medida impopular. Antes de encaminhar um projeto, o prefeito tem o dever de explicar a população e aceitar sugestões.   Glossário   Coligação. Tin Gomes disputa a Prefeitura de Fortaleza pela coligação “Para Humanizar Fortaleza”, composta pelos partidos PHS, PRP, PMN e PTdoB.   POR LAURA RAQUEL Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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