Conforme informou o parlamentar, foram registrados 17 milhões de casos de agressão física, sexual ou psicológica contra a mulher entre fevereiro de 2020 e maio de 2021. Isso significa, segundo Fernando Hugo, que uma em cada quatro mulheres do País foram agredidas no período da pandemia.
“É um problema social imenso, que precisaria de uma sequência de atos jurídicos, de ações administrativas, de comportamentabilidade científica e politicamente diferentes. Dezessete milhões é o cálculo de mulheres vilipendiadas em seus lares e/ou ambientes de trabalho e/ou ruas e avenidas desse Brasil”, avaliou.
Fernando Hugo criticou a imprensa por não noticiar esse dado repetidamente nos jornais e lamentou que a convivência hoje de homens com mulheres está na alçada policialesca e das ações jurídico-legais. “Que vergonha! Que desencontro com a vida. Que falta de postura da modernidade temporal do século XXI”, disse.
O deputado reiterou ainda a seriedade da situação, afirmando que não se trata de uma “besteirinha” repetida diversas vezes nas Câmaras, Assembleias e até no Congresso.
“É grande demais o quantitativo de agressão desses que não são certamente homens. Podem até ter nascido machos, pelos testículos e o pênis presentes no ato parturitivo e vindo pelas parteiras e parteiros, mas não têm a mínima comportamentabilidade de homens cidadãos, respeitosos, afáveis e amáveis por essas figuras peroláveis que a natureza de Deus deu para encantamento e labor na vida de nós todos”, comentou.
De acordo com Fernando Hugo, os dados foram apresentados por instituições sérias de pesquisa, como a Fundação Getúlio Vargas. “Nem no Oriente Extremo nem na África Subsaariana onde as mulheres são, pelos costumes e pela sociologia vigentes naquelas áreas, tratadas como seres inferiores. Nem acolá tem-se quantitativos dessa monta”, observou.
O parlamentar comentou que basta ligar a TV para encontrar notícias de agressão contra mulheres de todas as idades. “É preciso, com urgência, repetir-se que as afrontas, as agressões físicas, morais e sexuais não podem continuar a existir no Brasil no mínimo que se possa imaginar, quanto mais nessa astronomia numerológica de 17 milhões de mulheres que denunciaram ou que tiveram parceiros, vizinhos e parentes que denunciaram”, pontuou.
Fernando Hugo refletiu ainda sobre a imensa quantidade de mulheres que ainda não denunciaram, temendo, ao chegar na delegacia, serem mortas ou agredidas, acrescentando que, para ele, o pior de todos os crimes do mundo humano é o estupro.
“Nessa hora em que aqui, lamentavelmente, suplicamos ações de todas as esferas do serviço público do Brasil, casos e mais casos – Ceará adentro e Brasil afora – estão ocorrendo. E essas agressões psicoemocionais, físicas, sexuais, morais dão-se por conta e risco de uma apatia que existe e está crescendo em nós, e nós não vamos nos calar quanto a isso”, afirmou.
Em aparte, a deputada Augusta Brito (PCdoB) parabenizou o deputado Fernando Hugo por trazer essa temática da violência contra a mulher à tribuna. A parlamentar acrescentou ainda que, somente nos primeiros cinco meses de 2021, a Casa da Mulher Brasileira no Ceará recebeu mais de 12 mil atendimentos, dos quais seis mil aconteceram de forma remota em razão da pandemia. “Toda a sua fala de hoje eu quero aplaudir. Precisamos, sim, dessa união, para além de ideologia e religião – e também com elas, todo mundo junto –, procurar saídas”, assinalou.
Augusta Brito também parabenizou a Assembleia Legislativa, em nome da Procuradoria Especial da Mulher da AL, pela reestruturação do órgão e realização de atendimentos – com psicólogas e advogadas – às mulheres vítimas de violência. Ela informou que a Procuradoria conta hoje com o núcleo “Laço Branco”, campanha já existente em 55 países e que visa trazer o homem para participar do combate à violência contra a mulher.
A deputada comunicou ainda que, após uma das ações da Procuradoria realizada em março de 2020 – uma live com as capoeiristas e os capoeiristas sobre assédio sexual, o órgão começou a receber denúncias e pedidos de ajuda.
“E através dessa ferramenta aqui da Assembleia, onde todos os deputados e deputadas ajudam a construir e fazem parte desse processo, a gente fez e faz até hoje os encaminhamentos para o Ministério Público. Inclusive, tivemos reunião ontem e vamos ter outra reunião amanhã para formar grupo de apoio às vítimas, sejam homens ou mulheres, de violência sexual relacionada à capoeira”, relatou, frisando a importância desses instrumentos no Parlamento cearense.
BD/LF