A matéria questionou se “o tratamento brutal dado aos jovens não seria o responsável pela violência entre adolescentes”. “É claro que é”, respondeu o parlamentar, avaliando que “um jovem que só trava contato com o Estado por meio da repressão e da violência irá devolver violência para a sociedade”.
Apesar de abordar a crise nacionalmente, a reportagem aponta o Ceará como “ponto de maior preocupação”. Renato Roseno informou que R$ 4 mil são gastos mensalmente com cada adolescente que está nos centros socioeducativos. “Uma quantia alta e mal utilizada”, criticou.
Segundo ele, o regime disciplinar diferenciado determina que os presos adultos têm direito a duas horas de banho de sol. “Nos centros para jovens, o confinamento é total, com 17 adolescentes na mesma cela de nove metros quadrados, com direito a apenas 15 minutos de banho de sol”, informou.
Renato Roseno chamou a atenção para o fato de, em 2016, terem ocorrido cerca de 400 fugas em todo o Ceará, além da intervenção do Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio) em 60 situações específicas. “Denúncias de tortura e maus-tratos são constantes, e não temos a realização de concursos para reforçar o contingente de agentes penitenciários preparados”, esclareceu.
Para Roseno, “prevenir é mais barato”. Ele apontou o trabalho do Comitê de Prevenção e Redução de Homicídios na Adolescência como uma ação nesse sentido. Na avaliação dele, a responsabilização de adolescentes por crimes é uma tarefa “complexa”. “É preciso uma equipe competente e bem estruturada para realizar esse trabalho, que é delicado”, defendeu.
Em aparte, os deputados Heitor Férrer (PSB), Evandro Leitão (PDT), Carlos Felipe (PCdoB) e Roberto Mesquita (PSD) elogiaram o discurso de Renato Roseno.
Heitor Férrer afirmou que esses centros são “depósitos humanos, que devolverão os adolescentes à sociedade muito mais violentos que quando entraram”. Já Evandro Leitão reconheceu que o Governo do Estado “tem deixado a desejar no que diz respeito a essa crise”.
Carlos Felipe comentou que “não é compreensível gastar quatro mil reais mensais com um adolescente e ele não ser devidamente recuperado”. “É uma conta simples, e nosso papel, como parlamentares, é cobrar do Governo a resolução desse problema”, afirmou.
Já Roberto Mesquita avaliou que o sistema socioeducativo está “animalizando e brutalizando os adolescentes do Ceará e gastando muito para mantê-los em condições que são indignas até para um animal”.
PE/GS