O tucano Carlos Matos disse que o Governo do Estado, nos últimos anos, investiu em construção de delegacias e prédios, mas não teve resultados
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
A segurança pública foi o tema principal dos discursos da sessão de ontem na Assembleia Legislativa. Enquanto o líder do Governo e a base aliada do Executivo cearense defendiam as ações voltadas para minimizar a sensação de insegurança dos cearenses, a oposição explicitava os erros e destacava a onda de violência que assola o Estado.
> Líder defende ações do Governo
Ao criticar o sistema de segurança adotado no Ceará, o deputado Carlos Matos (PSDB) chegou a classificar o desempenho do Governo na área como "um total fracasso". Enquanto Dr. Santana (PT) defendia o Ronda do Quarteirão em sua fala antecedendo Carlos Matos, este disse que o programa cometeu erros e não alcançou os resultados esperados. Segundo ele, o Governo investiu em construção de delegacias e outros prédios "e não se obteve resultado positivo".
O parlamentar afirmou que as decisões erradas do Governo contribuíram para o aumento nos índices de violência. "A curva de homicídios chegou a cair um pouco, saindo de números extremamente absurdos para um pouco menos absurdo. Mas não nos satisfaz. Não vamos resolver a questão de segurança só com mais policiais. É preciso haver uma ação integrada", disse.
Carlos Matos apontou que se os cearenses assassinados neste ano estivessem morando em São Paulo, e não no Ceará, teriam escapado da morte. "Morrem sete vezes menos pessoas lá do que aqui", comparou. "Em Pernambuco, a taxa de homicídio é de 32 pessoas por cem mil habitantes. No Ceará, são 77 por cem mil habitantes", completa.
Delegacias
Em defesa do governo, o deputado Leonardo Pinheiro (PSD) afirmou que, antes de Camilo Santana, Cid Gomes construiu 52 delegacias, a Academia de Polícia, além de instituir a Polícia Forense. "Situação diferente do que acontecia nas gestões anteriores, quando as delegacias eram fechadas", alegou.
Ainda segundo Pinheiro, Camilo Santana deu sequência à valorização dos policiais, com a aprovação da Lei de Promoções. "É importante falar também da interiorização dos batalhões especiais, como Cotam e Raio, além da criação do Batalhão de Divisas", relatou.
O deputado Carlos Felipe (PCdoB) ressaltou que a curva de assassinatos começou a ser descendente nos últimos anos. "Temos 300 óbitos a menos do que no ano passado. A promoção dos policiais, aprovada na atual gestão, é sinal de que o Governo está empenhado em mudar a atual situação", avaliou. Segundo o último balanço apresentado pelo governador Camilo Santana, o Ceará registrou, em setembro deste ano, redução de mortes violentas no Estado e na Capital. Apresentou ainda redução pelo sétimo mês de 2015, com redução de 2,6% nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) em relação ao mesmo período de 2014. Já Fortaleza apresentou queda significativa de 13% em setembro.
Policiais civis
O deputado Heitor Férrer (PSB) afirmou que a impunidade seria a principal responsável pelos índices de violência que aterrorizam os cearenses. A razão para que muitos casos não tenham desfecho, segundo o parlamentar, seria o pouco número de policias civis nas ruas.
"Precisaríamos de sete mil policiais civis, e temos apenas dois mil. É exatamente esse deficit que compromete a investigação e patrocina a impunidade. Sabendo que não haverá investigação, na certeza da impunidade, o homicida vai continuar matando", alertou o deputado.
Heitor Ferrer informou ter recebido uma comitiva de aprovados no último concurso da Polícia Civil e mostrou preocupação diante do adiamento do curso de formação anteriormente previsto para iniciar em outubro. O deputado afirmou que há, por parte do Governo, a intenção de prorrogar o curso para 2016. "Estamos pedindo ao líder do Governo, Evandro Leitão (PDT), que converse com o governador Camilo para que comece agora em outubro", assinalou.