De acordo com o parlamentar, é dramática a situação atualmente vivida por milhões de cearenses, em decorrência da seca, ciclo climático previsível, e frequente em toda a região do semiárido brasileiro. Atualmente, segundo Heitor , “estamos sem água para o consumo humano”, em diversos pontos no interior do Estado e até na Capital.
O pedetista frisou que a situação da população permanece imutável há mais de 50 anos. Ele contou que ouviu do antropólogo e jornalista Arnaldo Santos que, há meio século, tinha de apanhar água para beber, após uma caminhada de 2 quilômetros. Hoje, o cenário se repete, por conta da falta de chuva, em praticamente todos os municípios do Estado.
“Fiz estudo sobre o Castanhão, a maior obra hídrica do Ceará. Na construção foram investidos R$ 444 milhões. O Governo do Estado entrou com R$ 44 milhões e o Governo Federal com o restante. Hoje, é impensável o Ceará sem esta grande obra, que vai assegurar água para o complexo portuário do Pecém”, acentuou o deputado, frisando que a Lei Orçamentária Anual de 2013 do Estado não prevê nenhuma grande obra hídrica, enquanto destina mais R$ 130 milhões para o aquário, totalizando, em 2013, R$ R$ 380 milhões, e devendo receber novos aportes até a conclusão da obra.
Heitor Férrer disse que se sente entristecido por não ver nenhuma nova obra hídrica de porte na lei orçamentária. Para ele, deveria haver políticas públicas para universalizar o acesso à água potável, da mesma forma que se universalizou a distribuição de energia elétrica.
“Por que não há a determinação de universalizar a coisa mais preciosa, a água?”, arguiu o pedetista. Ele salientou que Cid Gomes irá concluir oito anos de mandato “sem construir uma parede de açude”.
Para Heitor Férrer, o Governo deveria, em vez de construir o aquário, projetar um grande reservatório de água. “Assim, não teríamos essa tragédia africana”. O deputado declarou que parece haver um esquema ilícito que se alimenta da seca. “Recursos que são liberados em situação de emergência e poderiam ser utilizados em equipamentos eficientes. Em vez de ficar se preocupando com o ecossistema marinho, com a construção de aquário, deveríamos estar preocupados com o ecossistema humano”, ponderou.
Em aparte, o deputado Antonio Carlos (PT) disse que está na hora de deixar de acusar Deus pela seca. “Também acho que transferir toda a responsabilidade só para o Governo Federal não é honesto. Os esforços realizados até agora são incipientes para a situação dramática do nosso povo”, criticou.
JS/CG