A eleição do último domingo (7) mudou dois terços do panorama administrativo do Triângulo Crajubar. O município de Barbalha, com a reeleição do prefeito Zé Leite (PT), foi o único que manteve o projeto, entre os três municípios. Lá, o atual prefeito venceu com 17.079 votos, contra 14.269 do candidato do PPS, Argemiro Sampaio. Antonio Hildegardis obteve 343 votos. Brancos e nulos somaram 2.465 e as abstenções chegaram a 6.446 eleitores. Barbalha tem 40.602 eleitores.Em Crato o candidato do PMDB, Ronaldo Matos, derrotou o candidato do prefeito Samuel Araripe, o Dr. Cícero, o petista Marcos Cunha e o candidato do governador Sineval Roque. Foram 39.235 votos para Ronaldo Matos, contra 14.635 para Dr. Cícero, 7.315 para Marcos Cunha e 4.386 para Roque. Brancos e nulos somaram 5.754 votos e as abstenções atingiram 14.431 eleitores. O Crato, tem 85.806 eleitores.
Em Juazeiro do Norte, o candidato do PMDB, Raimundo Macêdo, ganhou a disputa contra o atual prefeito Manoel Santana, do PT. Demontieux Fernandes, do PSol, foi o terceiro. Raimundão obteve 65.079 votos, contra 45.394 de Manoel Santana e 15.776 de Demontieux Fernandes. Brancos e nulos somaram 9.477 e as abstenções atingiram 29.814 eleitores. Juazeiro do Norte é o maior colégio eleitoral do Cariri, com 165.514 eleitores.
Sem surpresaNa avaliação dos analistas políticos, não houve surpresa na eleição do Triângulo Crajubar. Entre os três municípios, apenas Barbalha não mostrou-se para o mundo. Nada saía de informação da terra dos verdes canaviais. O município fechou-se e tudo era blindado. Mas, no final das contas, prevaleceu a força de lideranças como Zé Leite, Camilo Santana e João Ilário.
Enquanto que do outro lado, de grande vulto, tínhamos apenas Rommel Feijó que, vale salientar, já vinha derrotado da eleição anterior.Vale destacar o surgimento de uma nova liderança, na pessoa do Argemiro, como aliás, sempre foi a proposta da oposição, em Barbalha. O grupo liderado pelo professor Maurício Teles, construiu uma brilhante discussão em torno do projeto “A Barbalha é do Povo”. Eles cumpriram seu papel democrático e deram uma aula de como se constrói um projeto popular. Mas, prevaleceu a força das grandes lideranças, que querem ver a continuação do projeto em curso na Barbalha.
No Crato, deu a lógica apontada nas pesquisas. Ronaldo ganhou com uma maioria histórica, derrotando, diretamente, um projeto desgastado do atual prefeito Samuel Araripe. Marcos Cunha cumpriu seu papel democrático e foi além das expectativas, já que, fez uma campanha “pé no chão”, com pouquíssimos recursos. A grande decepção, ficou por conta do deputado estadual Sineval Roque, que ficou em último, mesmo tendo recurso e o apoio do governador Cid Gomes. Definitivamente, o povo cratense disse não ao Roque.
O detalhe é a corrida para 2014. Roque e Samuel saem derrotados e com poucas perspectivas para disputarem uma vaga na Assembleia Legislativa, como era pensamento de ambos. Já a derrota de Marcos Cunha, acaba com um sonho de quase 20 anos, onde a militância do PT dizia, a cada derrota, que a coisa só daria certo quando Marcos fosse candidato novamente. Já Ronaldo é uma nova força política que assume o poder, demonstrando o profundo descontentamento da população com os últimos administradores.
Voto da negaçãoNo Juazeiro, também, deu o que apontava a pesquisa. Raimundo Macedo teve uma grande maioria. A grande “surpresa”, não pelo final da eleição, mas desde o começo do período eleitoral, foi Demontieux Fernandes. Seus 15.776 votos foram o voto da negação aos dois projetos já experimentados em Juazeiro e decidiram a eleição.
Santana e Raimundão fizeram administrações com desgastes e cercadas de muita polêmica. Raimundão saiu derrotado numa convenção para a eleição de 2008, com a argumentação baseada na sua rejeição que beirava os 70%. Santana ondulou entre bons e maus momentos. Chegou a ser cassado; recuperou a Câmara, mas nunca deixou a polêmica de lado. Prevaleceu o esquecimento do povo e a presença constante de Raimundão no município.
Agora, o que chamou a atenção é o grande número de abstenções e votos nulos e brancos. Para termos uma ideia, Raimundão teve 65.079, enquanto os que não quiseram escolher somaram 39.291 eleitores, um número muito grande. É claro que tem os que não conseguiram chegar às urnas; mas, isso dá o parâmetro de descontentamento com a política.
Para os vencedores, fica a certeza de estar no caminho certo e para os derrotados a lição de que política é o poder de agregar parcerias, a disposição para negociar com outras forças e a capacidade de relacionar-se com os vários setores da sociedade. (Com informações do Site Miséria).