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Por mais 19 dias, os problemas de Fortaleza serão esmiuçados, discutidos e servirão como base para plataforma política de dois candidatos a prefeito, no segundo turno das eleições 2012. Atenção será necessária para diagnosticar novas propostas de gestão para uma Cidade que já exibe características específicas. O eleitor precisará perceber-se como protagonista, deixando de ser apenas alvo de imagens e emoções.
Mais 49 cidades brasileiras terão segundo turno para eleição de prefeitos, que acontecerá no próximo dia 28. Este sistema de votação, válido para municípios com mais de 200 mil habitantes, acontece quando, no primeiro turno, nenhum dos candidatos alcança mais da metade dos votos válidos, ou seja, 50% mais um. No domingo (7), quando da definição dos nomes que iriam para disputa, as promessas foram de exploração de mais propostas e mudanças.
Os planos de governo dos candidatos destacam, em sua maioria, serviços, equipamentos e estruturas de uma Fortaleza que, visivelmente, é carente. Postos de saúde, escolas, trânsito e segurança pautaram os debates durante a primeira etapa da eleição. Entretanto, cada candidato apresenta-se de forma diferente, concebendo a Cidade à sua forma. Tal concepção, de percepção do lugar onde vive, será de fundamental importância, também, ao eleitor.
DIAGNÓSTICO DE PROPOSTAS“Será que a cidade do político condiz com a cidade do eleitor? É preciso perguntar-se como eu vivo minha cidade e se este candidato chegará até mim, ao meu cotidiano? Como isso acontecerá?”, sugeriu tais questionamentos, o geógrafo e professor da UFC, membro do Observatório das Metrópoles, José Borzacchiello da Silva. A análise deve ser feita porque, de acordo com o especialista, os candidatos fazem uso de todos os itens que revelam a estrutura da cidade em suas propostas.
O eleitor, portanto, diante destas propostas, deve situar-se dentro de Fortaleza, partindo da sua moradia. “As condições de moradia e sua integração aos serviços de obrigação do poder público, a iluminação das ruas do entorno, as praças do bairro...”, complementou José da Silva. Sua análise inclui, ainda, a fragmentação de uma Fortaleza, onde alguns eleitores nunca ou quase nunca saíram de seus bairros. “A Cidade precisa ser analisada, também, como um todo”, frisou.Na imersão do que será o melhor para os problemas do cotidiano, José da Silva lembrou que Cidade “deve ser a facilitação do cotidiano”, onde a fricção do dia-a-dia é suprida pelos serviços prestados. “A máquina pública trabalha na perspectiva de emprego, para a estrutura ocupacional do lugar; e de renda, para o consumo e a produção da vida. A Cidade tem o papel de possibilitar que seu cotidiano aconteça”, complementou.
“ARMADILHA EMOCIONAL”“É outra eleição. Há possibilidade de repetição de votos, mas como a competitividade é maior, a campanha fica mais ativa e envolve o eleitor”, opinou o cientista político Josênio Parente. Entretanto, ele ressalta que o cidadão já viu, no primeiro turno, a maioria das propostas mais populistas dos candidatos, o que fortaleceu sua capacidade crítica. A “armadilha emocional” pode, entretanto, de acordo com o especialista, ludibriar o eleitor.
“A emoção na política é importante e intensifica-se no segundo turno, basta lembrarmos da última propaganda eleitoral do primeiro turno. É difícil fugir desta realidade, porque política é razão e emoção o tempo inteiro”, explicou José Parente. Conforme ele, o cenário dos próximos capítulos da corrida à Prefeitura de Fortaleza possui dois perfis: partidos que acompanham o crescente processo de fidelização ou que apostam na mudança, no novo e na renovação.
DIVERSIDADE DE VOTOS E IDEIASMais um dia de ida às urnas mudará a rotina do fortalezense, que será o real beneficiado (ou não) pela concretização (ou não) das propostas que elegerão o novo prefeito. Em um dos lugares que mais congrega a diversidade de Fortaleza, na Praça do Ferreira, ontem, um dia depois do primeiro turno, alguns eleitores ainda estão na “vala” da indecisão e da desinformação.“Não tenho candidato certo, talvez até vote nulo. Mas quando começar o horário político de novo, posso até escolher alguém”, afirmou o pedreiro Francisco Deyved Borges, 24. Posição imprecisa sobre o voto também tem a dona de casa Mariana Vieira, 64, que afirma não entender de política e não achar que sua rotina é afetada pelas decisões de um prefeito.
O autônomo Reginaldo de Paula, 55, avaliou que o segundo turno será “mais uma chance para escolher um bom candidato” e destacou segurança e saúde como principais temas a serem abordados pela propagando política. A aposentada Iracema Lima Mariana,65, sorri ao falar de seu partido e garante que, desde os 18 anos, vota apenas na legenda que, segundo ela, “olha para os pobres, o que é mais importante”.