O projeto, em tramitação na Assembleia Legislativa, que regulamenta a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas nas praças esportivas do Estado, voltou a gerar divergência entre os parlamentares na sessão de ontem da AL. O deputado Evandro Leitão (PDT) ocupou a tribuna para argumentar que a violência registrada no ambiente de competições esportivas não está necessariamente atrelada ao consumo de bebida alcoólica.
Para o parlamentar, o projeto que tramita na Casa busca controlar essa prática no entorno de estádios. Ele afirmou que retira o seu projeto se lhe forem apresentados dados e pesquisas que comprovem a vinculação entre o consumo de bebida e o aumento da violência no Ceará. “É muito fácil criminalizar o futebol. Por que não vão atrás de eventos de UFC e de basquete, em que são permitidos o consumo de álcool?”, questionou Evandro Leitão.
O deputado manifestou a disposição de ouvir críticas e contrapontos ao projeto, mas que não é compreensível a hipocrisia de muitos sobre o assunto. “Já ouvi colegas dizendo que são favoráveis ao futebol e conhecem a realidade dos estádios, mas que não vão votar favoráveis ao projeto, porque foram votados por segmentos opositores a isso”, lamentou o parlamentar.
Evandro Leitão acrescentou ainda que defende o projeto sem interesse econômico ou político. “Meu interesse aqui é a minha convicção de desportista, de frequentar praças esportivas há mais de 40 anos e saber que a violência no futebol não está atrelada à bebida”, pontuou.
Contra
Já o deputado Apóstolo Luiz Henrique (PP) disse ser contrário ao projeto mesmo ponderando que não tem nada contra quem bebe. “O que posso assegurar é que a bebida já prejudicou muita gente e não traz benefícios à saúde”, considerou.
O parlamentar enfatizou que a liberação de bebidas nos jogos vai aumentar a violência no Estado. “Notícias veiculadas na imprensa questionam quem vai pagar o preço quando uma tragédia acontecer nos estádios com a liberação do álcool. Isso é muito sério. É a vida das pessoas”, assinalou.
Apóstolo Luiz Henrique salientou que as pessoas deveriam ir aos estádios com o intuito de assistir aos jogos, e não de beber. “Uma pessoa não pode ficar 90 minutos sem beber? Não sabe se divertir sem um copo de álcool nas mãos? Uma pessoa bêbada se transforma e pode causar muitos danos”, afirmou.
O deputado ressaltou que quem tem família e frequenta os jogos de futebol deve repensar esse projeto. “Tenho muito respeito ao deputado Evandro Leitão (PDT), autor da proposta, e peço que ele e todos os parlamentares que querem votar a favor repensem. Temos família e estamos aqui nesse Parlamento para defender a sociedade”, afirmou.
Na ocasião, as deputadas Érika Amorim (PSD) e Dra. Silvana (PR) também se posicionaram contrárias à proposta, acreditando que a liberação de álcool nas partidas de futebol pode estimular a violência dentro e fora dos estádios.
Apoio
O deputado Salmito (PDT) também comentou sobre o projeto de lei do deputado Evandro Leitão (PDT) que libera o comércio e consumo de bebida alcoólica em estádios e arenas esportivas. Para Salmito, é legítimo, normal e democrático os deputados divergirem sobre os mais diversos temas. Mas, segundo ele, uma pessoa bem intencionada pode questionar o fato de ser a favor da liberação da bebida nos estádios, pois poderia estimular o consumo de álcool e, se a reflexão for essa, a pessoa vai ser contra.
O deputado concorda que a bebida alcoólica provoca problemas na saúde das pessoas, assim como o cigarro, o refrigerante e os alimentos industrializados. Mas questiona: “O que mais provoca infarto é a bebida alcoólica ou o cigarro? O cigarro não é proibido na Arena Castelão”.
Salmito ressaltou que respeita o posicionamento de colegas como Apóstolo Luiz Henrique (PP), que é contra o comércio de bebida dentro e fora da Arena Castelão, mas o que não acha correto é o dinheiro do povo cearense ser utilizado para bancar a estrutura da Arena Castelão, tendo jogos ou não. Com a liberação do comércio de bebidas, segundo ele, será dado um passo importante para que os clubes possam assumir esse custo, a exemplo do que acontece em outros países, como na Espanha e na Alemanha, onde a bebida alcoólica é liberada e não houve aumento da violência. Nesses países, acrescentou, acontecem até casamentos e aniversários dentro dessas praças esportivas, pois lá esses espaços são multiuso.