A deputada Laís Nunes disse que pretende ir a Brasília pleitear recursos para dar continuidade à obra da construção do canal perímetro irrigado Icó/Lima Campos
A deputada Laís Nunes denunciou em discurso, ontem, na Assembleia Legislativa, o "descaso" que estaria acontecendo no município de Icó, onde cerca de 70% dos irrigantes estão sendo prejudicados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e Ministério da Integração Nacional.
De acordo com a parlamentar, agricultores do perímetro irrigado Icó/Lima Campos, que passaram mais de 30 anos esperando pela construção do canal que levaria água por gravidade para a produção de alimentos e geração de empregos, estão sem resposta sobre a paralisação da importante obra que é o canal.
Segundo Laís, a obra tem custo de cerca de R$ 16 milhões. Do valor total, ela diz que metade já foi gasta. "Mas, infelizmente, não mostra resultado até os dias atuais. E, para piorar, com as poucas chuvas de 2014, parte da construção foi danificada e nenhuma providência tomada", relatou, cobrando que Ministério Público e Dnocs identifiquem os responsáveis pelo dano para que ele seja corrigido. "Assim, o Governo Federal poderá liberar o restante dos recursos para a conclusão da obra que está parada há quase 2 anos, mostrando descaso com os irrigantes do perímetro irrigado Icó/Lima Campos".
A deputado também cobrou que gestores se organizem e governem respeitando as prioridades. "Não se pode deixar a obra no meio do caminho sem respostas nem permitir construir algo que desabe com uma simples neblina", afirmou. "O dinheiro é público e, sem dúvida alguma, tem a sua importância, pois livraria os irrigantes das altas cobranças de energia elétrica que os maltrata nos dias de hoje", disse.
Laís Nunes contou que apenas 30% dos irrigantes têm acesso à água que parte por gravidade do açude Lima Campos, mas os outros 70% ainda precisam gastar com energia elétrica para receber o líquido através de sistema de bombeamento. "Eles dependem da irrigação para o sustento da família", destacou.
Fardo
A deputada ressaltou que alguém precisa assumir a responsabilidade e concluir a obra, tirando o fardo hoje carregado pelos irrigantes. "Hoje não temos água para irrigar pela seca, mas, se no próximo ano tivermos chuvas, o Orós e Castanhão estarão cheios somados as águas do São Francisco, que será uma realidade", acredita.
A parlamentar alertou que, com a Transposição das Águas do Rio São Francisco chegando no Ceará, o Rio Salgado ficará perene e o Castanhão ficará sempre cheio, servindo para atender a população de Fortaleza e sua Região Metropolitana. "Assim, o açude de Lima Campos praticamente atenderá somente a região. E será nesse momento que mais vamos precisar do canal de gravidade para levar a água aos irrigantes, para o plantio e colheita dos frutos", alegou, acrescentando que irá a Brasília pleitear a liberação de recursos.
Em aparte, o deputado Roberto Mesquita lamentou que o sonho dos agricultores se torne pesadelo e lembrou das vezes que o marido de Laís, o ex-deputado Neto Nunes, subiu à Tribuna da Assembleia para cobrar a construção do canal que leva vantagem por contar com a gravidade, sem necessitar de bombeamento. "Seja de quem for a culpa, o Dnocs tem que identificar e punir os culpados. O risco é que os oito milhões de reais restantes demorem a sair e seja necessária liberação de mais 16 milhões".