Ao avaliar o problema da violência no Estado do Ceará, o ex-governador, ex-ministro e pré-candidato à presidência Ciro Gomes disse que a causa do problema está ação de policiais ligados ao crime organizado. “Para consertar o problema da violência, nós temos que desarmar a bomba de milícias organizadas, de frações da Polícia completamente partidarizadas, ligadas ao narcotráfico”, afirmou ele na manhã desta segunda-feira (7) em visita ao Sistema Verdes Mares (SVM).   Ciro ressaltou que esse grupo dentro das forças de segurança pública tem uma liderança dentro da instituição. “Tem um comandante que está fazendo tudo para que esse ambiente de violência continue em Fortaleza, assustando todo mundo”, declarou. E reforçou: “[Esse comando] é de dentro da polícia, na minha opinião, com conexão na Assembleia Legislativa”, disse.   O ex-governador não citou nomes. Contudo, maio de 2013 Ciro Gomes já havia denunciado a existência de uma milícia ligada ao narcotráfico dentro da Polícia Militar do Ceará. E, de acordo com ele, a organização criminosa era comandada pelo então vereador e agora deputado estadual Wagner Sousa (PR), o Capitão Wagner.        Sobre as ações de combate à violência, o também ex-deputado federal foi direto: “Acho que nós temos alisado e conversado demais”. Ciro citou ainda o crescimento do número de homicídios a partir da paralisação dos policiais militares no fim de dezembro de 2012, culminando com as ocorrências e boatos que pararam a Capital no dia 3 de janeiro de 2013, quando comércios fecharam, escolas cancelaram aulas e a população se trancou em suas casas num dia de pânico.   “É constrangedor como os homicídios vinham num padrão extraordinariamente baixo e, a partir do motim, quando a anarquia se instaura, e se pega uma fração podre da polícia, conectada com milícias e narcotráfico, os homicídios explodem”, denunciou. E emendou: “E agora começam a cair novamente e você está de novo vendo esse tipo de coisa acontecer no Ceará nas vésperas de eleição”, concluiu.    Política nacional   Ciro Gomes também voltou a se posicionar quanto aos últimos acontecimentos da política nacional, que culminaram com a condução coercitiva do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na última sexta-feira (4). Ele disse que, apesar de ninguém estar acima da lei, “o que aconteceu com o presidente Lula foi uma violência e ilegal”. Ao lembrar que também é professor de direito, Ciro explicou que a medida judicial adotada no caso “só se dá quando, devidamente convocada a pessoa investigada ou testemunha, recusa-se ou desobedece a ordem legalmente estabelecida. Definitivamente não foi o caso do presidente Lula”, destacou.   Sobre a atual administração do executivo federal, o pré-candidato ao posto afirmou que a presidente Dilma Rousseff precisa “mudar de rumo”, começando pela economia. “A sensação de que a corrupção virou uma centralidade no País só viceja no meio do povo isento, livre, que não tem nenhuma razão para estar contra o governo que acabou de eleger”. Segundo ele, “as pessoas estão se sentido traídas, porque a conta de energia aumentou muito, a conta da gasolina aumentou bastante, porque o preço da passagem de ônibus aumentou, porque os remédios estão aumentando, e tudo isso parece ser o oposto do que ela prometeu”, avaliou.   Sobre os casos de corrupção investigados, Ciro acredita que eles são positivos. “O que está acontecendo é bom para o País. Antigamente, tudo isso existia e era varrido para debaixo do tapete. E agora nós temos um ministério público funcionando, temos uma imprensa livre e as instituições do país funcionando”, destacou.    Temer está na vice-presidência “por imprudência, por arrogância do Lula”, afirma   Ainda com relação à crise política, Ciro disse que tanto uma renúncia quanto o impeachment de Dilma “colocam na presidência da república o deputado menos votado em São paulo, que é o Michel Temer”, disse. O vice-presidente, de acordo com o político cearense, só está no cargo atual “por imprudência, por arrogância do Lula”. Temer seria ainda “o chefe desse lado quadrilha do PMDB. E ligado a esse Eduardo Cunha, que enche o País de vergonha, um corrupto comandando o parlamento brasileiro”, acusou.   “Então, é preciso ter cautela. Remédio para governo ruim, para governo que a gente não gosta, não é interromper a regra da democracia. Porque, na hora que se fizer isso, o outro não vai mais governar, e a gente tem que proteger a democracia, porque governo ruim passa logo”, defendeu.    Sobre a possível candidatura, Ciro disse que ainda é cedo pra tratar do assunto. “Eu não vim para o PDT para ser candidato a nada, porque também minha experiência me obriga a saber que, a três anos de distância, é quase irresponsável você assumir uma candidatura”, concluiu.