A problemática do acúmulo de lixo em Fortaleza predominou, ontem, no debate da Assembleia Legislativa. De acordo com os parlamentares, a negligência dos poderes públicos em relação à destinação correto do lixo, aliada a falta de consciência ambiental por parte da população, tem agravado a situação, inclusive, contribuído na proliferação de doenças, como a chamada “virose da mosca”.
“Passei recentemente pelo bairro José Walter, que está quase totalmente tomado pelo lixo, que ocupa diversas ruas, enquanto no Panamericano, uma rua foi totalmente fechada por conta de uma rampa de lixo”, relatou o deputado Roberto Mesquita (PV), que levou o assunto à tribuna.
Mesquita ressalta que as rampas de lixo na Capital devem ser colocadas na pauta da disputa política em Fortaleza. “Não é compreensível, sob hipótese alguma, o que tem acontecido em Fortaleza, em relação à formação dessas rampas de lixo”, criticou o deputado, acrescentando: “Não me interessa se isso é provocado pela falta de educação dos moradores ou pela falta de políticas públicas adequadas, mas sim que questões como essa devem ser combatidas e colocadas na pauta na disputa pela Prefeitura de Fortaleza”, pontuou.
O deputado Ely Aguiar (PSDC) considerou a questão do lixo “extremamente grave” e cobrou responsabilidade dos poderes públicos no recolhimento do lixo. “Quando a Assembleia chega a questionar a situação do lixo em Fortaleza, é porque a situação é grave. O Governador do Estado e o Prefeito mobilizaram uma guerra contra o mosquito da dengue, mas esqueceram de sua parte, que é recolher o lixo de Fortaleza”, disse.
Conforme ainda Ely, em algumas ciclofaixas da cidade, principalmente da Washington Soares até a Messejana, de “cinquenta em cinquenta metros”, há rampas de lixos. “Tenho aqui no meu celular, fotos que comprovam lixos acumulados há mais de uma semana”, pontuou.
Lixo hospitalar
Já o deputado Heitor Férrer (PSB) criticou a nova legislação sobre o manejo de resíduos sólidos, sancionada pelo prefeito de Fortaleza, Roberto Claúdio, em 2015, que fiscaliza a destinação do lixo produzido por grandes geradores. “Essa nova lei criou todo um desajuste no recolhimento de lixo da cidade, que era decantada como uma cidade limpa”, afirmou o deputado.
O parlamentar entrou, ainda ontem, com uma representação no Tribunal de Contas do Município (TCM) e no Ministério Público (MP), para que sejam analisados os gastos da Prefeitura de Fortaleza com a coleta de lixo, especificamente, do Instituto José Frota (IJF).
Heitor fez ainda um comparativo entre o valor que o Estado paga, por meio da Secretaria de Saúde, pela coleta do mesmo tipo de lixo, e concluiu que o valor pago pela Prefeitura é exorbitante.
“Enquanto o Estado paga R$ 0,35 pelo quilo do lixo, a Prefeitura paga R$ 2,23, algo em torno de 500% a mais que o Estado. Por 600 quilos de lixo, por exemplo, a Prefeitura pagaria R$ 1,4 milhão, enquanto o Estado, em torno de R$ 210 mil. Uma grande diferença, quando paramos para pensar em quem paga essa conta”, argumentou.
Heitor Férrer considerou ainda que esse não é o tipo de demanda feita por um deputado estadual, e sim uma competência de vereadores. “Mas esse valor é muito gritante para deixarmos passar em branco”, assinalou, ressaltando que a questão deve ser esclarecida.