Além dos problemas que são próprios do cargo de governador de Estado, Camilo Santana terá que enfrentar um impasse no que diz respeito às disputas eleitorais deste ano. O chefe do Executivo deve ser cobrado por apoio em vários municípios onde o atual prefeito e o candidato da oposição são seus aliados e o apoiaram nas eleições de 2014.
A solução para a problemática, segundo alguns pré-candidatos com mandato parlamentar, é Camilo Santana se afastar dos palanques eleitorais, como fez o antecessor Cid Gomes em muitos municípios. Deputados que são prováveis postulantes do pleito de outubro próximo querem que o governador fique neutro durante as disputas.
O caso mais emblemático é do próprio partido de Santana, o PT, que sinalizou para a candidatura própria. Na Conferência Eleitoral da sigla, no sábado passado, foi efetivada a intenção de ter candidato em Fortaleza. O impasse é que Camilo Santana é aliado do atual prefeito da Capital, Roberto Cláudio. Nos últimos meses, os dois, que são afilhados do ex-governador Cid Gomes, aumentaram as atividades em conjunto.
"Defendo que ele apoie a candidatura do PT. Sou presidente do PT, fiz campanha para ele, apesar de sua relação com os Ferreira Gomes que nos derrotaram em Fortaleza com práticas vergonhosas. Eu o apoiei por ser do PT", disse o dirigente municipal da sigla, Elmano de Freitas.
O parlamentar, que foi derrotado nas eleições de 2012 no segundo turno e é um dos cotados para ser candidato, afirmou que entenderia caso Camilo Santana se posicionasse de forma neutra na disputa.
Complicado
Segundo o deputado Zé Ailton Brasil (PP), pré-candidato à Prefeitura do Crato, o processo será complicado para o governador, já que há municípios em que ele tem o apoio dos atuais prefeitos e da oposição. "Ele tem que tentar um consenso entre as partes, mas, se não conseguir, terá que ficar de forma neutra e não apoiar um ou outro. O palanque duplo é muito difícil, porque a população não vai entender e nem a base", disse.
Para o parlamentar, caso o governador opte por participar de dois palanques em determinado município, pode acabar contribuindo para um bom desempenho de um candidato da oposição. O deputado está discutindo candidatura no Crato junto com PDT, PCdoB e PEN, que apoiaram Camilo nas eleições.
Naumi Amorim (PMB) foi candidato ao pleito de 2012 no Município de Caucaia, ficando em terceiro lugar na disputa. Ele defendeu com ênfase o apoio do governador a mais uma tentativa para comandar a cidade. "Eu acho que o governador tem que apoiar alguém, não deve ficar neutro. E espero que esse alguém seja eu", destacou.
Bethrose (PMB) é outra que defende a neutralidade do governador na disputa deste ano em São Gonçalo do Amarante. Tanto ela quanto o atual prefeito apoiaram a candidatura de Camilo Santana em 2014. Segundo ela, a situação será repetida em, praticamente, todos os municípios onde os deputados estaduais são pretensos candidatos à disputa eleitoral de 2016.
Júlio César Filho (PMB), que pretende disputar as eleições em Maracanaú, também apoia um posicionamento neutro de Camilo e ressaltou que o petista deve adotar uma linha semelhante ao que fez Cid Gomes.