O deputado Tin Gomes, que presidia a sessão, se desentendeu com Audic Mota, que o acusou de ter tentado acelerar a votação da matéria
( FOTO: JOSÉ LEOMAR )
O Governo Camilo Santana venceu mais um embate com a bancada da oposição na Assembleia Legislativa ao conseguir aprovar, na sessão de ontem, regime de urgência para votar a mensagem encaminhada à Casa solicitando autorização de empréstimo no valor de U$ 123 milhões para a construção de novas unidades hospitalares no Estado.
A matéria obteve 22 votos favoráveis após mais de 18 parlamentares se pronunciarem na tribuna. Na ocasião, houve ainda um desentendimento entre o deputado Audic Mota (PMDB) e Tin Gomes (PHS), que presidia a sessão durante a apreciação do requerimento apresentado de última hora pelo líder do governo na Casa, Evandro Leitão (PDT).
Joaquim Noronha (PP) e Danniel Oliveira (PMDB) criticaram a negativa do presidente ao pedido de verificação de quórum feito por Audic Mota. "Por entender que, após iniciada a votação já não se poderia pedir a verificação, neguei, mas para não ficar dúvida submeti o pedido ao Plenário, que me referendou", explicou Tin Gomes.
Audic Mota afirmou que a forma como Tin anunciou o fim da discussão e o início da votação atrapalhou o processo. "Do jeito que foi dito não teríamos tempo sequer para ligar os microfones", criticou Audic. "Falo rápido e, se alguém fez manobra, não fui eu. Não vou aceitar jamais que vocês percam a questão no voto e se voltem contra a presidência", respondeu Tin.
Policlínica
Aprovado o regime de urgência, o empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deve ser votado em até cinco dias e vai destinar U$ 123 milhões para a construção do Hospital Regional de Jaguaribe e Policlínica de Fortaleza, além da aquisição de equipamentos para as unidades e adequação física para serviços de parto.
O regime de urgência foi amplamente questionado por parlamentares, que afirmaram não entender por que o Governo não concede mais tempo para se aprofundar as discussões sobre o projeto. O deputado Joaquim Noronha, que é da base do governador, manteve o tom crítico que tem adotado contra o Governo. "Os deputados têm o direito e o dever de se debruçarem sobre as matérias, mas assim não tem como", reclamou.
Sérgio Aguiar (Pros) relatou que não houve atropelo, já que o projeto chegou à Assembleia no dia 21 de setembro e teve leitura da sessão do dia seguinte. "Todos tiveram conhecimento da matéria e tiveram 23 dias para estudá-la", observou. "Não quero crer que alguém se posicione contra a construção do hospital e da policlínica", completou.
Custeio
Os deputados do PMDB Danniel Oliveira e Audic Mota salientaram não ser contra construção de novos hospitais, mas apontaram que o Governo deve garantir o custeio dos que já existem.
Bruno Gonçalves (PEN) declarou que no Ceará estão faltando até mesmo bolsas coletoras para pacientes colostomizados. O problema, segundo ele, já foi passado para a Secretaria da Saúde há mais de cinco meses. "Hoje tem gente usando sacolas de supermercado porque as bolsas estão em falta", contou.
Leonardo Araújo (PMDB) disse que o problema da saúde se estende a outras áreas e afirmou não haver interação do governador Camilo Santana com a Assembleia. "O governador precisa trazer para a Assembleia a situação real do governo. Ele precisa vir a essa Casa trazer os números, mas os reais", cobrou.
Na próxima semana, o secretário da Saúde, Henrique Javi, vai à Assembleia detalhar como será aplicado empréstimo de US$ 123 milhões.