As divergências sobre a escolha de Brizola Neto para comandar a Pasta do Trabalho é ponto superado no partido
O deputado federal André Figueiredo, líder do PDT na Câmara dos Deputados, diz que o partido já assimilou a indicação de Brizola Neto para o Ministério do Trabalho, cargo que era ocupado pelo presidente nacional da agremiação, Carlos Lupi. Antes da posse do correligionário, o cearense já havia tornado pública sua insatisfação com a indicação do neto do fundador do PDT, Leonel Brizola, para substituir Carlos Lupi, demitido pela presidente Dilma Rousseff por denúncias de envolvimento em corrupção.
"A presidenta tem a prerrogativa de nomear quem ela bem entende. E o Brizola Neto é filiado ao PDT, portanto vamos ajudá-lo a fazer uma boa administração, apesar de ele não ter sido uma indicação partidária", disse André Figueiredo ao Diário do Nordeste durante o Encontro Estadual do PDT, realizado no último sábado na Câmara Municipal de Fortaleza. "Vamos ajudá-lo. O PDT é da base aliada da presidenta". André Figueiredo, embora líder do partido na Câmara, foi um dos pedetistas que não participarão da solenidade de posse de Brizola Neto.
Ele faz uma avaliação positiva deste um ano e meio do Governo Dilma Roussseff (PT), destacando como meritórias as políticas de redução dos juros e de valorização do salário mínimo. "A presidenta Dilma tem tido uma característica de atacar pontos importantes. A questão dos juros, por exemplo, uma bandeira recente dela, é uma bandeira histórica nossa. O PDT sempre lutou para que o povo tenha acesso a crédito mais barato, assim como uma política de valorização do salário mínimo", afirma.
Qualificação
Por outro lado, observa Figueiredo, a educação ainda é um problema muito grave no País. "Por mais que a presidenta esteja investindo em qualificação técnica e profissional, precisamos melhorar o salário dos nossos professores, avançar numa política de educação como igualdade de oportunidades".
O pedetista também destaca entre os pontos negativos do Governo Federal uma queixa recorrente de deputados estaduais e federais do Ceará: a morosidade das obras estruturantes e a precária situação de extensos quilômetros das estradas federais que cortam o Estado. "As obras de infraestrutura têm andado a passos muito lentos. Temos uma Copa do Mundo daqui a dois anos e os aeroportos ainda não estão sendo construídos. As estradas federais que cortam o Estado do Ceará estão em petição de miséria. Na área da infraestrutura e da educação, que é uma bandeira muito cara ao PDT, a presidenta precisa melhorar e é muito".
Cachoeira
Para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os negócios do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em conluio com agentes públicos e privados, o PDT indicou três parlamentares: os deputados Miro Teixeira (RJ) e Vieira da Cunha (RS) e o senador Pedro Taques (MT). "São três pessoas cobradoras da transparência e da moralidade, disse André Figueiredo. Essa CPI tem um papel muito importante para trazer à tona algumas coisas que não conhecíamos", diz.
"Temos aí o exemplo do senador Demóstenes Torres, tido como um arauto da moralidade, e que de repente se revela totalmente envolvido numa grande máfia. Que essa CPI apure não apenas o que o Cachoeira fazia, mas que venha a desvendar o que estava por trás de várias coisas que estavam acontecendo e que nós não conhecíamos".
No encontro com os candidatos do PDT para as eleições municipais do próximo mês de outubro, André Figueiredo reforçou aos correligionários a meta de dobrar o número de vereadores do partido no Ceará, que hoje são 56, e eleger pelo menos 12 prefeitos. Atualmente o PDT comanda três prefeituras no Estado: Capistrano, Itaiçaba e Antonina do Norte.
"O PDT não nasceu para ser periférico, nasceu para ser grande", declarou o dirigente, referindo-se a importância da candidatura do deputado Heitor Férrer na Capital. "A eleição do Heitor não é prioridade apenas do PDT do Ceará, é uma prioridade do PDT do Brasil"